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O forte crescimento da demanda interna, que desde a crise de 2008 vem sustentando a economia nacional, se distanciou perigosamente da produção. A taxa anualizada da chamada “absorção doméstica” (consumo das famílias, mais gastos do governo, mais investimentos e estoques) está em 5,6%, en­­quanto o crescimento anualizado do Produto Interno Bruto (PIB) até o segundo trimestre do ano foi de apenas 3,2%. Tra­­duzindo: a produção brasileira enfraqueceu e corre risco de perder competitividade; a demanda ganhou mais força e mantém pressionada a inflação. “O repique do segundo trimestre pode refletir um comportamento indesejado da demanda”, diz Paulo Levy, pesquisador do Instituto de Pes­­quisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre os dados divulgados na sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es­­tatística (IBGE).

Levy lembra que o efeito do câmbio sobrevalorizado está norteando o desempenho da economia, desestimulando a produção de bens comercializáveis e incentivando o setor de serviços, que cria menos valor agregado que a indústria e a agricultura. “A demanda não é exatamente o problema, mas sim as condições para ampliação da oferta com produtividade e competitividade”, diz ele.

Importados

Os dados coletados pelo IBGE mostraram que os produtos importados estão suprindo o aumento do consumo. A indústria de transformação nacional parou. E a estagnação desse segmento amplo – que transforma matéria-prima em bens, sejam eles máquinas, bens de consumo ou intermediários, como aço – foi classificada como “preocupante” pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

“Isso confirma que o principal setor da indústria brasileira (composta ainda pela extrativa, construção e distribuição de eletricidade, gás e água) está sendo fortemente afetado pelo menor ritmo da economia brasileira e pelo avanço das importações de manufaturados”, diz o relatório do instituto, que prevê que esse desempenho pode afetar os demais setores da economia.

Leonardo Mello de Carvalho, também pesquisador do Ipea, lembra que o fato de o PIB a preços correntes ter mantido a mesma relação entre o primeiro e o segundo trimestres do ano mostra que os preços dos bens de capital estão caindo. A alta do preço internacional das commodities permitiu que a demanda continuasse crescendo. “Foi o choque do preço de troca”, disse o economista, lembrando que há oito meses consecutivos levantamentos da Fundação Getulio Vargas constatam a queda de confiança do empresariado.