As recentes denúncias de exploração de trabalhadores em fábricas da marca Zara, no estado de São Paulo, trouxeram novamente à tona a discussão em torno do trabalho escravo no setor têxtil. No entanto, a assessoria de imprensa do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) informou que a confecção responde por uma pequena parte das situações de escravidão.
Mesmo no Paraná, considerado o segundo maior polo têxtil do país, são raras as queixas desse tipo de problema. Segundo a Procuradoria Regional do Trabalho no estado, apenas uma denúncia foi apresentada nos últimos cinco meses. Em outubro do ano passado, uma empresa de uniformes e tecidos com sede em Londrina foi responsabilizada por manter condições análogas à escravidão. No entanto, o MTE informou que o caso ocorreu em São Paulo.
Na opinião do presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Maringá (Sinconfemar), Raul Candido, o baixo índice de casos no estado se deve à forte fiscalização que existe no setor, além da ausência de imigrantes ilegais, como os bolivianos encontrados nas oficinas da Zara. “Estando na ilegalidade, esses trabalhadores se sujeitam a trabalhar em péssimas condições. Aqui não temos isso, até porque as entidades responsáveis por fiscalizar se mostram competentes”, argumenta.
Cândido ainda lembra que os casos de longas jornadas de trabalho nas “oficinas de fundo de quintal” também são combatidos. Por mês, o sindicato recebe entre quatro e cinco denúncias. “Não importa se essas oficinas são compostas por pessoas de uma mesma família. O fato é que a lei vale para todo mundo; e ela permite até oito horas de trabalho por dia e duas horas extras no máximo”, alega. O presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Maringá (Sindvest), Cássio Almeida, afirma que há uma conscientização por parte das grandes confecções do Noroeste do estado. “Aqui existe uma orientação para que as empresas não recebam trabalho de facções que estão na ilegalidade”.
Para Leonardo Sakamoto, coordenador da ONG Repórter Brasil (que investiga e denuncia situações de trabalho escravo), o fato de não haver denúncias não quer dizer necessariamente que o problema não exista. “O problema do trabalho escravo é como uma sala escura onde a fiscalização é apenas uma lanterna. O trabalhador precisa ter consciência de sua exploração e saber o que é trabalho escravo”, afirmou Sakamoto.