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O vereador João Cláudio Derosso (PSDB) renunciou ontem à presidência da Câmara Municipal de Curitiba, depois de quinze anos no cargo. Acusado de irregularidades em contratos de publicidade da Casa, Derosso decidiu entregar o cargo para não ser cassado. Na semana passada, ele perdeu o apoio da base governista e dos colegas do próprio partido, que assinaram pedido de abertura de processo proposto pela oposição para afastá-lo definitivamente do posto. O pedido, que recebeu o aval de 30 dos 38 vereadores, incluindo parlamentares da bancada de apoio do prefeito Luciano Ducci (PSB) e do PSDB, seria protocolado oficialmente ontem.

Na carta de renúncia, lida em plenário, Derosso afirmou que tomou a decisão para evitar mais desgastes para os colegas e o Legislativo. “Visando preservar meus pares, bem como a instituição Câmara Municipal de Curitiba de acusações negativas e inverídicas, venho pelo presente renunciar ao cargo”, explicou.

Com a queda do tucano, os vereadores já iniciaram ontem as articulações para a sucessão na Casa. Uma nova eleição para escolher o substituto de Derosso foi marcada para a próxima segunda-feira.


Da base de apoio do prefeito, entre os nomes cotados para concorrer estão o primeiro vice-presidente Sabino Picolo (DEM), que já vinha exercendo interinamente a presidência da Câmara desde o final do ano passado, quando Derosso se licenciou; e o líder da bancada governista, João do Suco (PSDB). A oposição anunciou a candidatura do vereador Paulo Salamuni (PV).

Entre os governistas, até ontem apenas o vereador Professor Galdino (PSDB) se colocou ontem como candidato ao posto. Vereador de primeiro mandato, ele chegou a concorrer por duas vezes ao cargo nas últimas eleições para a Mesa Executiva, mas foi derrotado por Derosso e só conseguiu conquistar seu próprio voto. O líder da bancada do PSDB, Emerson Prado, sinalizou que o partido deve indicar um nome, mas desconversou sobre as pretensões do colega. “É natural nós que temos treze vereadores na Casa, querermos fazer o presidente”, disse ele, referindo-se ao fato dos tucanos terem a maior bancada na Câmara.

As acusações contra Derosso surgiram em julho do ano passado, quando relatório do Tribunal de Contas apontou que a Câmara firmou contrato de R$ 5,1 milhões entre 2006 e 2011, para serviços de publicidade com a Oficina da Notícia, empresa de propriedade da jornalista Cláudia Queiroz, atual esposa do tucano. Na época da licitação, ela ocupava cargo em comissão na Casa. Desde o início, o vereador negou irregularidades, alegando que na época da licitação, não mantinha relacionamento com a jornalista.

Desde então, Derosso resistiu a uma série de processos no Conselho de Ética da Câmara e a uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). As investigações confirmaram a existência de irregularidades, mas foram arquivadas sob a alegação de falta de provas materiais que o responsabilizassem.

Em dezembro do ano passado, o Ministério Público denunciou Derosso à Justiça por improbidade administrativa, apontando que a contratação da Oficina da Notícia seria ilegal, já que a empresa tinha como proprietária uma servidora da Câmara. Na ação, o MP pediu ainda o afastamento do vereador da presidência da Casa e o bloqueio de seus bens.

Pressionado, Derosso então pediu licença do cargo por 90 dias. Em fevereiro, renovou o pedido por mais 90 dias. A oposição reagiu apresentando requerimento para abertura de uma comissão processante para afastá-lo definitivamente do cargo.

Reviravolta — Protegido até então pelos colegas, Derosso viu a situação mudar radicalmente na semana passada, quando o líder da bancada do PSDB, Emerson Prado, defendeu publicamente que ele renunciasse, e orientou os parlamentares tucanos a assinarem o requerimento da oposição. A adesão dos vereadores governistas, incluindo do líder da base aliada, João do Suco, confirmou que ele havia perdido o apoio interno para continuar no cargo.

Para o vereador oposicionista Algaci Tulio (PMDB), o afastamento de Derosso foi resultado da pressão popular e da insistência da bancada de oposição. “Foi graças a meia-dúzia de loucos que tiveram a coragem de encarar essa briga”, afirmou. “A renúncia aconteceu a partir de uma pressão da sociedade e pode ser considerada uma vitória do povo”, avaliou Salamuni. “É um momento histórico”, comemorou o líder da oposição, Jonny Stica (PT).