Paulinho diz que PSDB e DEM traíram sindicalistas e é chamado de ingênuo por tentar negociar com oposição
SÃO PAULO. A aprovação do salário mínimo de R$545 rachou as centrais sindicais e levou a uma troca de acusações entre os dirigentes das principais entidades que, ano passado, uniram-se para eleger a presidente Dilma Rousseff. A CUT adotou um discurso de “vitória parcial”, referindo-se à aprovação da proposta do governo, e criticou a Força Sindical, que tentou um acordo com a oposição. Para o deputado Paulo Pereira (PDT-SP), presidente da Força, PSDB e DEM traíram os sindicalistas e fizeram um acordo tácito com o governo:
– Não dá para chamar de vitória parcial. Foi uma derrota para os trabalhadores e para os mais pobres. Sabíamos que seria difícil, mas ainda tivemos um problema no final. Achamos que o DEM e PSDB fizeram um acordo com o governo para tirar minha emenda ou a emenda do PV, porque teria chance de ter bastante voto – disse Paulinho, lembrando que sua proposta de reajuste para R$560 incorporava um “adiantamento” de R$15 do reajuste de 2012.
CUT adotou linha “estranha e destoante”
Na opinião de Paulinho, a CUT adotou uma linha “estranha” e “destoante” do acordo feito entre as centrais, de tentar um acordo pelos R$560, e não os R$580 reivindicados inicialmente. O presidente da CUT, Artur Henrique, reagiu e disse que Paulinho foi ingênuo ao tentar um acordo com a oposição.
– Fomos coerentes. A CUT defendeu os R$580 até o fim. Nossa estratégia era aceitar os R$560, desde que houvesse sinalização do governo ou da base aliada. Mas o Paulinho topou sem sinalização nenhuma. Foi ingenuidade. Acreditar que DEM e PSDB iriam entrar na nossa luta? O que é isso?! – disse Henrique.
O presidente da CUT afirmou que buscou, sem sucesso, um acordo com PT e PMDB. E disse que decidiu ir embora do plenário quando considerou que a votação virara um “teatro da demagogia”:
– Foi um troço absolutamente teatral. O PSDB e o DEM fazendo discurso de defesa do salário mínimo? E ainda por cima iam ficar xingando? Fui embora. Pergunto: por que o PSDB não defendeu em São Paulo um aumento do piso regional equivalente a esses R$600 que ficaram martelando? – disse Henrique.
Segundo ele, o aumento do mínimo de R$510 para os R$600 propostos pela oposição (17%) seria equivalente a um aumento do piso paulista de R$560 para R$655. O piso regional em São Paulo subiu para R$600.
Fonte: O Globo