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Paraná cai 1,7% em estudo sobre avanços municipais, mas continua sendo o estado com o segundo melhor resultado do país, perdendo apenas para São Paulo

Paranaguá – A crise econômica que assolou o mundo em 2009 afetou a qualidade de vida do paranaense. Naquele ano, o estado teve uma das maiores retrações no Índice Firjan de Desenvolvimento Mu­­nicipal (IFDM). O indicador caiu 1,7% em relação a 2008, a terceira maior queda do país. Apesar da retração, o Paraná continua com o segundo melhor índice de desenvolvimento do país, com nota 0,8226, atrás apenas de São Paulo. O IFDM é formado por três variáveis: emprego e renda, educação e saúde.

Segundo o Índice Firjan, o pa­­ranaense sofreu grandes dificuldades para encontrar emprego em 2009. O estado, que abrigava naquele ano 2,6 milhões de trabalhadores formais, registrou queda de 2,1% na produção in­­dustrial e gerou somente 69,1 mil empregos contra 110,9 mil em 2008. E foi justamente no quesito emprego e renda, in­­fluen­­ciado pela crise, que o Pa­­raná deixou de evoluir: esse índice caiu 7,2%, oscilando de 0,8365 para 0,8022. Mesmo com a queda, o estado permanece na terceira colocação neste quesito, atrás apenas de Rio de Janeiro e São Paulo.

Todavia, o estado apresentou avanços nos setores de saúde e educação. O primeiro apresentou crescimento de 0,6% em 2009 – subindo de 0,8842 para 0,8898. Pelo segundo ano seguido, o quesito saúde teve a melhor avaliação de todo o país. Já a educação ocupa a sexta colocação no ranking nacional. Em 2009, o setor apresentou crescimento de 1,9%, passando de 0,7613 para 0,7759. Segundo o critério de ava­­liação, os índices que oscilam entre 0,6 a 0,8 são considerados de desenvolvimento moderado e acima de 0,8 corresponde a de­­senvolvimento alto.

O índice de emprego e renda, que apresentou oscilação negativa, foi fator determinante para a queda do indicador do Paraná. Segundo o gerente de estudos econômicos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Guilherme Mer­cês, a crise econômica foi o principal fator para a redução dos números do Paraná e também de outros estados das regiões Sul e Sudeste. “Apesar da redução significativa superior a 7%, impactada pela crise, o estado conseguiu permanecer na casa de 0,8, mostrando que há um alto desenvolvimento”, afirma.

Para o presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Gil­­mar Mendes Lourenço, o fato de o Paraná possuir como dois grandes propulsores econômicos os setores de agronegócio e das in­­dústrias automobilísticas foi fundamental para o recuo no índice do Firjan. “Esses dois setores fo­­ram os mais afetados pela crise. Houve, naquele período, uma queda das commodities agrícolas, derrubando os preços dos pro­­dutos. Já a indústria automobilística, que apresenta sempre um bom desempenho, também sofreu redução drástica com a crise”, ressalta.

O doutor em Economia pela Universidade de São Paulo (USP), Alivínio de Almeida, que leciona na Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta que a crise não foi o único fator a provocar a queda de emprego e renda no Índice Firjan. Outro motivo, segundo ele, foi a própria política econômica do governo federal. “O go­­verno, na tentativa de controlar a inflação, ataca as margens da eco­­nomia, com elevação de juros, atingindo diretamente as indústrias, por exemplo. So­­man­­do com a crise, a situação ficou ainda mais complicada”, explica. Em 2008, a crise se fortaleceu no Brasil porque o Banco Central subiu os juros no fim do ano, o que atrasou a recuperação econômica do país.

Emprego e renda

Expectativa de bom resultado

Apesar de o mundo ainda viver os reflexos da crise de 2008, com a Europa e os Estados Unidos em situações econômicas delicadas, a expectativa para as notas de emprego e renda do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) relativos aos anos de 2010 e 2011 é animadora. Segundo Guilherme Mercês, gerente de estudos econômicos da Firjan, dificilmente o estado voltará a apresentar queda neste quesito. “Em 2010, o Brasil cresceu economicamente como um todo, gerando aproximadamente 2 milhões de empregos. O Paraná deve acompanhar esse crescimento no próximo estudo”, avalia.

Posição semelhante tem o presidente do Ipardes, Gilmar Mendes Lourenço. Segundo ele, a crise atual tem como epicentro países europeus, especialmente a Grécia, e os Estados Unidos. “É uma crise mais localizada. Não deveremos ter problemas tão cedo”, acredita.