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No encontro de amanhã, presidente quer foco em qualificação e combate à miséria. Sindicatos falam em fator previdenciário e redução da jornada
 

Depois de criar um clima de tensão com as centrais sindicais durante a votação do salário mínimo no Congresso, a presidente Dilma Rousseff espera que o encontro de amanhã com representantes de seis dessas entidades sirva para reaproximar todos do governo federal e da sua gestão. Nesse rol, o governo inclui até o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, que liderou sem sucesso a rebelião por um salário mínimo maior que o de R$ 545, vitorioso em plenário. Por intermédio de amigos, o deputado informou que será “só love” na reunião. Mas outros sindicalistas prometem levar uma pauta indigesta para os padrões de um Executivo com ímpeto de pôr freio nos gastos públicos.

O presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores, Ricardo Patah, listou ontem as três principais reivindicações que irá encaminhar ao governo: o fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e, ainda, a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata da demissão imotivada. Nada de reforma sindical e nem de reforma trabalhista, temas espinhosos que devem ficar fora das discussões.

A redução da jornada de trabalho é um tema antigo que o governo tem conseguido adiar, assim como as discussões em torno da Convenção 158. O mesmo não ocorreu com o fator previdenciário. O fator permite a redução de benefícios para quem se aposenta por tempo de contribuição, antes dos 65 anos (homens) e 60 (mulheres). Foi derrubado pelo Congresso no ano passado, uma das maiores derrotas do governo, depois da perda da CPMF.

Porta-voz
Em junho, pouco antes de a Seleção Brasileira estrear na Copa do Mundo da África do Sul, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerado o porta-voz das más noticias, anunciou que Lula tinha assinado o veto à nova lei e que o fator previdenciário continuava em vigor. Caberá aos congressistas agora avaliar se mantêm ou derrubam o veto do ex-presidente. É isso que a UGT perguntará à presidente Dilma.

“A UGT vai para o encontro com todo o seu vigor democrático e ciente que encontrará na presidente Dilma uma lutadora (inclusive com armas nas mãos) a favor da democracia que hoje temos no Brasil. E será, portanto, a interlocutora que saberá entender as necessidades da classe trabalhadora em torno do fim do fator previdenciário, da redução da jornada para 40 horas semanais e da Convenção 158”, escreveu Patah em seu blog. A UGT e as demais centrais sabem da dificuldade de derrubar o veto sem o apoio do governo. Um levantamento feito em janeiro pelo site G1 contabilizou 228 votos favoráveis à derrubada do veto, 116 contra e 70 que não souberam responder. Para derrubar um veto são necessários 257 votos.

Consensos
 Técnicos da Previdência Social informam em conversas reservadas que não há condições de defender a derrubada do veto. Por isso, a ideia de Dilma hoje é cuidar de temas que unem governo e centrais, como o combate à miséria e a qualificação profissional, como ela mesma já declarou em alguns pronunciamentos. E a expectativa do governo é a de que esses temas tomem conta do encontro e sirvam de base para distencionar a relação. Como Paulo Pereira da Silva tem dito, Dilma também pretende um encontro “só love”. Só falta combinar com os demais convidados.

Fonte: Correio Braziliense