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Marco Maia defende que reajuste de tabela saia por projeto de lei e não por MP


BRASÍLIA E SÃO PAULO. Na reunião que fará amanhã com as centrais sindicais, a presidente Dilma Rousseff dirá que o governo não vai atendê-las na reivindicação de conceder um reajuste de 6,47% na tabela de Imposto de Renda para Pessoa Física (IRPF). Dilma baterá na tecla que o máximo que o Palácio do Planalto está disposto a oferecer são os 4,5% já anunciados, o que equivale ao centro da meta da inflação do ano passado. Não será uma conversa fácil. Além da tabela do IR, a pauta das centrais incluirá o fim do fator previdenciário e o reajuste para os aposentados que ganham acima do salário mínimo.

Ontem, o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), disse preferir que a presidente envie um projeto sobre a correção da tabela do IR, e não opte por uma medida provisória, como está previsto. Ele argumentou que o projeto seria votado mais rapidamente, já que, com urgência (como aconteceu com o projeto de lei que reajustou o salário mínimo), poderia passar na frente das MPs que trancam a pauta.

Centrais chegam divididas ao encontro

Dilma, que não estava muito disposta a receber o presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), acabou cedendo. Paulinho da Força, como é conhecido, fez campanha contra o salário mínimo de R$545 e aumentou o tom contra a presidente Dilma. Do encontro de amanhã, além da Força, participarão a CUT, UGT, CGTB, CTB e NCST.
Derrotadas e divididas, as centrais sindicais tentarão transformar a reunião com a presidente em um misto de desagravo e demonstração de unidade. As centrais sindicais querem registrar com Dilma a mágoa com a decisão dela de não negociar com os sindicalistas sobre o prometido aumento real no salário mínimo de 2011. Reafirmarão sua posição contrária à política econômica atual, que será o alvo de uma grande mobilização no mês de julho, ao lado de movimentos sociais.

Porém, o tom será de discordância amiga – daí o escanteamento promovido pelas centrais contra Paulinho, que chegou a dizer que está de “saco cheio” do PT.

Em seu blog, Artur Henrique, presidente da CUT, afirma que Paulinho “não tem moral para falar em independência e direitos dos trabalhadores”. “Paulinho está louco para cair no colo do PSDB. Ele anuncia leilão dele mesmo”, escreveu Henrique.

O presidente da CTB, Wagner Gomes, disse que a presidente será respeitada, mas ouvirá as reclamações das centrais.

– Defendemos o mesmo modelo de Brasil que ela, mas achamos que começou mal do ponto de vista macroeconômico. Não somos adesistas. Se ela não alterar, teremos em julho uma jornada de luta com os movimentos sociais – disse Gomes.

Já o presidente da CGTB, Antonio Neto, sustenta a postura de superação das divergências:
– Achamos que o governo errou e vou dizer isso pessoalmente à presidente. Sempre fica um pouco de mal-estar. Mas sou um negociador e sei que não é possível ganhar tudo.

Em relação ao reajuste da tabela do IR, há uma dúvida dentro do governo: se a correção será só por este ano ou por quatro anos, como foi a política de reajuste do salário mínimo.

O Ministério da Fazenda, apesar dos discursos alarmistas do ministro Guido Mantega, quer a correção por quatro anos. Na semana passada, Mantega disse que, caso haja a correção da tabela, o governo terá de encontrar meios para tapar o buraco. Ele chegou a admitir que poderá haver aumento de impostos ou novos cortes orçamentários.

No Congresso, o senador Paulo Paim (PT-RS) lembrou que, quando esteve com Dilma, ela mencionou 4,5%. Para ele, a fala de Mantega nada mais é do que o recado que o governo não aceita correção maior, como querem as centrais.

– A presidente Dilma falou em 4,5%. Mas até entendo que o Mantega tem que endurecer: a melhor tática é o ataque. Quando ele diz isso (que tem que criar novos tributos), é que o máximo é 4,5%. Acho que o governo vai endurecer nos 4,5% – disse Paim.
Na semana passada, os líderes do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), disseram que a correção seria de 4,5% e apenas por um ano.

Fonte: O Globo