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Estudo do Ipea mostra que o rendimento médio dos moradores de cidades mais pobres se aproximou da renda dos habitantes das mais ricas

Ponta Grossa – A desigualdade na distribuição de renda entre os municípios brasileiros caiu 23% nos últimos 30 anos. É o que aponta estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O índice de Gini, que mede a desigualdade, caiu de 0,31 em 1980 para 0,24 em 2010. Durante esse mesmo período, o Paraná acompanhou o cenário nacional e registrou queda de 33% na desigualdade, passando de 0,18 na década de 80 para 0,12 no ano passado. Quanto mais baixo é o coeficiente de Gini, melhor é a distribuição de renda.

A pesquisa do Ipea mostra que diminuiu a distância entre a renda média das pessoas que moram nos municípios mais ricos e a das populações das localidades mais pobres. Esse fenômeno foi influenciado principalmente pelas políticas de transferência de renda que começaram ainda nos anos 90, o aumento real do salário mínimo e a interiorização da atividade econômica.

“As políticas de transferência de renda melhoraram a distribuição de renda e refletiram na queda da desigualdade. Além disso, o aumento do salário mínimo nos últimos anos contribuiu para termos melhoras no índice”, afirma o doutor em economia e professor da Uni­­ver­sidade Federal do Paraná (UFPR) Luciano Nakabashi. Em 2001, o salário mínimo era de R$ 151 e hoje é de R$ 545.

O presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Mendes Lourenço, explica também que grandes redes varejistas investiram na interiorização da economia. “Com isso, há mais gente trabalhando e empregada, o que melhora a distribuição de renda entre as cidades”, afirma. Ele também explica que a atividade agrícola contribuiu para a melhoria nos dados do Ipea. “Houve, durante os anos 2000, uma valorização das commodities agrícolas. Com isso, regiões como Centro-Oeste e Sul foram beneficiadas. O Norte cresceu muito devido ao setor de mineração”, explica Lourenço.

Regiões

Segundo a pesquisa, a queda na desigualdade no rendimento domiciliar per capita nos municípios foi mais acentuada no Nordeste, com diminuição de 38%. Há três décadas, a região tinha um índice de 0,21. Agora é de 0,13. A Região Centro-Oeste teve redução de 37,5% nesse mesmo período e o Sul, uma queda de 32%. As regiões que registrarem menores reduções foram Sudeste, com 26%, e Norte, com 14%. Esta última região é a que possui o maior nível de desigualdade, segundo a pesquisa, com coeficiente de 0,18.

Segundo o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, nas últimas três décadas foi registrado aumento da desigualdade entre as regiões geográficas. “Em 2010, a distância que separa as duas regiões com maior grau de desigualdade [Norte] e o menor [Centro-Oeste] foi de 53,8%. Trinta anos antes, em 1980, a diferença que separava as duas regiões com maior, que era o Sudeste, e o menor índice, na época também o Centro-Oeste, foi de 14,7%.” De acordo com o Ipea, o estado que teve o melhor desempenho na redução da desigualdade, durante o período, foi a Paraíba, com queda de 47,9%. Apenas Amapá e Roraima registraram aumento nas desigualdades em 14,8% e 22,8%, respectivamente.

Investir em escolas e saúde

Investir em saúde e educação. Essas são premissas básicas, segundo especialistas, para que o Brasil possa diminuir o índice de desigualdade social. Segundo o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, apesar de o país ter registrado a partir da década de 90 uma redução aos índices de desigualdade, os números ainda são considerados elevados.

Para o presidente do Ipardes, Gilmar Lourenço, o índice de desigualdade social ainda está longe do ideal. Segundo ele, a situação só irá melhorar se houver investimentos nas áreas de saúde e educação pública. “Principalmente no setor de educação. Só assim poderemos formar pessoas que possam ocupar postos de trabalho com melhor remuneração. Hoje, a maioria dos empregados ganha de um a dois salários mínimos. É essencial formarmos cidadãos capacitados”, ressalta.

O economista Luciano Na­­kabashi, professor da Uni­versidade Federal do Paraná, compartilha da posição de Lourenço. “Se esses pontos não receberem investimentos, continuaremos longe do ideal. A distribuição de renda é muito desigual e, consequentemente, a renda da maioria das pessoas ainda é baixa”, salienta.