Na comparação interanual, economia no segundo trimestre foi de 2,7%, conforme dados do Monitor do PIB
Por Felipe Frisch, Valor — São Paulo
A economia brasileira cresceu 1,3% em junho comparado a maio, na série com ajuste, e 2,7% com relação a junho de 2022, segundo o Monitor do PIB, calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
Com isso, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,2% no segundo trimestre em comparação com o primeiro, também com ajuste. Na comparação interanual, o crescimento da economia no primeiro trimestre foi de 2,6%.
“Após o forte crescimento registrado no primeiro trimestre, a atividade econômica mostrou desaceleração no segundo. Apesar da forte retração registrada pela agropecuária, os modestos crescimentos do setor industrial e de serviços colaboraram para o resultado positivo de 0,2% no segundo trimestre. Em linhas gerais, este resultado mostra uma certa resiliência da economia, que segue em terreno positivo mesmo com grande parte do bônus da agropecuária tendo se reduzido. Por outro lado, esse fraco crescimento também ilustra a pouca capacidade de reação da economia para crescer de forma mais robusta em um ambiente de baixo investimento, juros altos e elevado grau de endividamento das famílias”, segundo Juliana Trece, coordenadora da pesquisa, em em comentário no relatório.
O consumo das famílias cresceu 2,3% no segundo trimestre, segundo o FGV Ibre. Esse crescimento tem se reduzido desde o final de 2022. A menor contribuição do consumo de serviços e de produtos não duráveis são as principais razões para essa desaceleração do consumo.
A FGV utiliza a série trimestral interanual para fazer a análise desagregada da demanda por considerar que essa apresenta menor volatilidade do que as taxas mensais e aquelas ajustadas sazonalmente, permitindo melhor compreensão da trajetória de seus componentes.
Segundo o Monitor do PIB, a formação bruta de capital fixo (FBCF) retraiu 2,5% no segundo trimestre, retração explicada exclusivamente pelo desempenho do segmento de máquinas e equipamentos, que se retraiu pelo sexto trimestre móvel consecutivo.
A contribuição positiva gerada pelos segmentos da construção e de outros componentes da FBCF não foram suficientes para compensar a queda que tem ocorrido no componente de máquinas e equipamentos nacionais, devido principalmente à forte retração do segmento de caminhões, ônibus e relacionados, diz a FGV.
A exportação de bens e serviços cresceu 14,1% no segundo trimestre calculado pela fundação. Praticamente todos os componentes da exportação cresceram no período, contudo apenas dois explicam a maior parte do resultado positivo.
As exportações de produtos agropecuários (30,1%) e da extrativa mineral (23,8%) foram responsáveis por cerca de 80% do desempenho positivo das exportações.
O total das importações cresceu 6,8% no segundo trimestre do monitor. As importações de bens de consumo com crescimento de 29,7% e de capital com 18,2% responderam por mais de 60% do crescimento deste componente. Como destaque negativo, tem-se apenas a importação de produtos agropecuários que retraiu 30,8%.
Por fim, a taxa de investimento no segundo trimestre foi de 18,1%, pouco acima das médias históricas.
Este conteúdo foi publicado pelo Valor PRO, serviço de tempo real do Valor Econômico.
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