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A indústria de transformação deve crescer cerca de 12,3% em 2010. A expectativa para esse patamar recorde foi mantida para o Produto Interno Bruto (PIB) industrial pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que reviu a previsão de crescimento do PIB (que engloba também agricultura, comércio e serviços) de 7,2% para 7,55% no ano, um percentual que só encontra paralelo nos melhores anos do chamado nacional-desenvolvimentismo.

No Informe Conjuntural divulgado há pouco, a CNI diz que o crescimento se sustentará pela expressiva demanda interna. A expansão do consumo das famílias é estimada agora em 7,6%, ante 7,3% previstos antes. O crescimento do consumo está associado à política de crescimento com distribuição de renda promovida pelo governo Lula, principalmente à valorização do salário mínimo.

Recorde na indústria
O PIB industrial esperado será recorde e acima dos 11,6% esperados pelo Banco Central (BC). O economista-chefe da CNI, Flavio Castelo Branco, alerta, no entanto, que os 12,3% serão sobre uma base deprimida, já que em 2009 a crise gerou uma queda de quase 5% na produção industrial.

Para Castelo Branco é preciso ter cautela em relação ao próprio setor, em função da forte valorização cambial e do descompasso entre o forte ritmo de expansão doméstico frente à deprimida demanda mundial.

“A expansão da demanda doméstica seria suficiente para gerar um crescimento do PIB e da indústria a taxas ainda mais expressivas”, diz o documento.

A conclusão mostra que a valorização do trabalho, com aumento dos salários e do emprego, estimula e favorece o crescimento da economia, ao contrário do que supõe a ideologia neoliberal, que aponta o arrocho dos salários e a redução dos direitos trabalhistas como condição para o desenvolvimento, aliado ao corte dos gastos públicos, que também obstrui o crescimento.

Bandeiras como a redução da jornada sem redução de salários, que significa redução do desemprego e elevação do salário-hora, são bandeiras desenvolvimentistas, mas o patronato brasileiro não enxerga assim.

Os capitalistas se opõem à redução da jornada porque imaginam que terão de reduzir as margens de lucro (pagando o mesmo salário por uma jornada menor), embora os efeitos macroeconômicos da medida neutralizem tal impacto negativo.

Política cambial
Apesar de elevar a projeção do saldo da balança comercial, de US$ 10 bilhões para US$ 12 bilhões em 2010, com ajuste de alta de US$ 2 bilhões para as exportações, a CNI lembra que o setor externo terá contribuição negativa de 2,6 pontos percentuais, “devido ao maior crescimento das importações que das exportações”.

Lembram os economistas da entidade que o câmbio desfavorável, com média estimada em R$ 1,70 para dezembro, “desvia boa parte da demanda doméstica para outras economias e limite o crescimento da produção.” Agregado a isso tem as estimativas reduzidas de crescimento econômico mundial.

“A indústria é o setor mais afetado por esse duplo processo. Os dados mostram intenso crescimento da produção industrial em 2010, mas as perspectivas futuras são menos favoráveis”, destacou a CNI.

Investimentos em alta
“Os indicadores de uso da capacidade instalada registraram tendência de recuo nos últimos meses, evidenciando que o crescimento do setor não está limitado pela capacidade produtiva”, prosseguiu.

A expansão dos investimentos medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) foi mantida em 24,5% sobre 2009, um recorde se for confirmada. E a taxa de desemprego é estimada em 7%, a menor da história.

Na revisão das expectativas de junho, a CNI aponta agora para queda na inflação (IPCA), de 5,4% para 5%; juros nominais a 9,9% na taxa média do ano; déficit público em 3,10% do PIB; superávit primário em 2,35% do PIB e dívida liquida do setor público em 41%.

Para a conta corrente externa, a projeção dos empresários foi mantida deficitária em US$ 54 bilhões, ou seja, mais que o dobro do déficit de US$ 24,3 bilhões registrado em 2009.