O Brasil está correndo o risco de se tornar mero exportador de commodities e, nessa condição, deixar de gerar empregos de qualidade e de obter novos avanços sociais. O alerta foi feito pelo economista José Carlos de Assis em audiência promovida pela Subcomissão Permanente em Defesa do Emprego e da Previdência Social. Para o economista, que preside o Instituto de Estudos Estratégicos para a Integração da América do Sul (Intersul), o perigo de sucateamento do parque industrial brasileiro é real.
O debate, realizado em subcomissão que funciona no âmbito da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), enfoca a questão do emprego no contexto da crise mundial, inclusive no que se refere ao fenômeno da desindustrialização, um dos seus possíveis efeitos no Brasil.
O economista lembrou que os Estados Unidos estão em processo de estagnação e sem perspectiva de retomada no curto prazo, enquanto a Europa, em processo de ajuste fiscal, tende a dirigir seus esforços para gerar excedentes exportáveis. O contexto estaria impondo mudanças na divisão internacional do trabalho, num quadro que ampliaria as dificuldades do país em defender posição no mercado internacional e no próprio espaço doméstico.
Ao abrir o debate, o senador Paulo Paim (PT-RS), que preside a subcomissão, falou de suas expectativas em relação à nova política industrial, que deve ser anunciada hoje pela presidente Dilma Rousseff. Ele destacou a importância de estímulos para o crescimento do parque produtivo nacional, mas também para “a geração de emprego, renda e aposentadoria digna”. Paim disse esperar que a anunciada desoneração da folha salarial não envolva a retirada das atuais contribuições para a Previdência.
O senador destacou ainda a necessidade de políticas de desenvolvimento integradas para toda a América do Sul.