Expectativas para o crescimento do PIB e para a taxa básica de juros da economia não foram alteradas pelo mercado financeiro. Números foram divulgados pelo BC.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília
Analistas do mercado financeiro elevaram as estimativas de inflação para este e para o próximo ano.
As previsões constam no relatório “Focus”, divulgado nesta segunda-feira (27) pelo Banco Central. O levantamento ouviu mais de 100 instituições financeiras, na semana passada, sobre as projeções para a economia.
Para a inflação deste ano, os analistas dos bancos subiram a expectativa de inflação, de 3,80% para 3,86%. Esse foi o terceiro aumento seguido no indicador.
- Com isso, a expectativa dos analistas para a inflação de 2024 se mantém acima da meta central de inflação, mas abaixo do teto definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
- A meta central de inflação é de 3% neste ano, e será considerada formalmente cumprida se o índice oscilar entre 1,5% e 4,5% neste ano.
Para 2025, a estimativa de inflação avançou de 3,74% para 3,75% na última semana. No próximo ano, a meta de inflação é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, o BC já está mirando, neste momento, na meta do ano que vem, e também em 12 meses até meados de 2025.
Quanto maior a inflação, menor é o poder de compra das pessoas, principalmente das que recebem salários menores. Isso porque os preços dos produtos aumentam, sem que o salário acompanhe esse crescimento.
Copom e enchentes no sul
Um aumento mais pronunciado nas estimativas de inflação vem sendo registrado após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter baixado a taxa básica de juros de 10,75% para 10,5% ao ano no começo deste mês.
A decisão foi dividida. Os quatro diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva votaram por um corte maior nos juros, de 0,5 ponto percentual, para 10,25% ao ano. Mas foram voto vencido. Quatro diretores mais antigos e o presidente do BC, formando uma maioria, optaram por uma redução menor na taxa Selic.
O “racha” no Copom teve efeito no mercado financeiro no dia seguinte. A bolsa de valores caiu, enquanto o dólar e os juros futuros avançaram.
O temor do mercado é que a diretoria do BC indicada pelo presidente Lula — com maioria no Copom a partir de 2026 –, possa ter mais leniente com a inflação em busca de um ritmo maior de crescimento da economia.
Além do racha no Copom, outro fator que tem influenciado o comportamento da inflação, segundo o Ministério da Fazenda, é o efeito das enchentes no Rio Grande do Sul, assim como a mudança da meta fiscal para 2025 e 2026 (liberando R$ 160 bilhões a mais em gastos nestes anos).
Para definir o nível da taxa Selic, o Banco Central trabalha com o sistema de metas de inflação. Se as estimativas para o comportamento dos preços estão em linha com as metas pré-definidas, pode reduzir a taxa. Se as previsões de inflação começam a subir, pode optar por manter ou subir os juros.
Produto Interno Bruto
Para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, a projeção do mercado ficou estável em 2,05%.
- O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. O indicador serve para medir a evolução da economia.
- Já para 2025, a previsão de alta do PIB do mercado financeiro continuou em 2%.
Taxa de juros
Os economistas do mercado financeiro mantiveram a estimativa para a taxa básica de juros da economia brasileira para o final deste ano.
- Atualmente, a taxa Selic está em 10,50% ao ano, após sete reduções seguidas promovidas pelo Banco Central.
- Para o fechamento de 2024, a projeção do mercado para o juro básico da economia permaneceu em 10% ao ano.
- Para o fim de 2025, por sua vez, o mercado financeiro manteve a projeção estável em 9% ao ano.
Outras estimativas
Veja abaixo outras estimativas do mercado financeiro, segundo o BC:
- Dólar: a projeção para a taxa de câmbio para o fim de 2024 subiu de R$ 5,04 para R$ 5,05. Para o fim de 2025, a estimativa continuou em R$ 5,05.
- Balança comercial: para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), a projeção ficou estável em US$ 82 bilhões de superávit em 2024. Para 2025, a expectativa para o saldo positivo avançou de US$ 76,3 bilhões para US$ 78 bilhões.
- Investimento estrangeiro: a previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil neste ano continuou em US$ 70 bilhões de ingresso. Para 2025, a estimativa de ingresso recuou de US$ 73,5 bilhões para US$ 73 bilhões.
G1