Depois de o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) registrar forte alta de 1,27% em janeiro – a maior em um ano –, o resultado previsto para a inflação de fevereiro ainda é uma incógnita. A avaliação é do coordenador da Divisão de Gestão de Dados do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em Porto Alegre, Marcio Fernando Mendes da Silva. Segundo ele, apesar de a inflação em janeiro ter sido puxada por fatores sazonais e extraordinários, a taxa do mês seguinte ainda gera incertezas por conta da volatilidade de alguns produtos, como os alimentos in natura, que vêm sendo influenciados pelas fortes chuvas do verão.
“É muito difícil fazer uma previsão de como é que se comportará o mês de fevereiro porque são muitas as variáveis”, disse Mendes da Silva. “É muito temeroso partir para uma análise de como será o comportamento do mês, pois os mercados se comunicam com muita velocidade. Se, por exemplo, os hortifrutigranjeiros, que subiram bastante, passam por um desabastecimento em determinada praça, os outros mercados correm para se abastecer porque o preço está alto”, afirmou.
Pressão
Como já esperado pelo mercado e pela própria FGV, três foram os fatores decisivos para a aceleração importante do IPC-S logo no primeiro mês de 2011: o reajuste anual nos valores das mensalidades escolares, o aumento nos preços dos alimentos in natura em função das chuvas de verão e os reajustes que algumas prefeituras do país promoveram nas tarifas de ônibus.
O grupo Educação, Leitura e Recreação foi o que apresentou a alta mais expressiva de janeiro, de 4,01%, ante variação positiva de 0,37% em dezembro. Para Mendes da Silva, o mês de fevereiro ainda tende a abrigar alguns resíduos dos aumentos da Educação, bem como alguns ajustes de ônibus que ainda não foram captados pelo IPC-S de maneira relevante, como o da cidade de Porto Alegre.
“Durante as divulgações de fevereiro, ainda vão aparecer as partes de Educação e de Transportes. E os preços de Hortaliças e Legumes não devem cair assim tão rápido”, afirmou. “É um processo lento. Para subir, é rápido; para descer, é mais lento”, acrescentou.
Fonte: Gazeta do Povo