NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

Em 2012, a massa de renda feminina brasileira está estimada em R$ 717 bilhões, conforme apontam os dados da pesquisa O Brasil das Mulheres
 
Em 10 anos, o número de mulheres no mercado formal de trabalho apresentou um avanço de 75%. A massa de renda delas, em igual período, cresceu 67%, contra os 40% apresentados pela massa de renda dos homens. No entanto, a totalização da renda masculina supera em milhares de reais a feminina. A estimativa de renda feminina para 2012 é de R$ 717, 1 bilhão contra os R$ 1,1 trilhões previstos para a massa de renda masculina. No Paraná, elas representam 43% da mão de obra do Estado.

Os números são da pesquisa O Brasil das Mulheres, do Instituto Data Popular, que compilou os dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad) e da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), ambas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com a pesquisa “Expectativa 2012”, do Data Popular.

Para o economista do Departamento Intersindical de Estatísticas Estudos Sócio Econômicos (Dieese), Sandro Silva, o crescimento da participação da mulher no mercado de trabalho é natural, em função do aumento do número de mulheres na composição da população brasileira. Elas somam 98,6 milhões da população. “Com relação a diferença salarial, ela ainda existe, mas tem caído ao longo dos últimos anos”, conta. Silva cita que, na média, já foi de 28% e agora está em 19%.

Essa diferença, em partes, Silva credita ao fato da mão de obra feminina ser maior em setores que pagam menos, como têxtil, limpeza e conservação. “Mas o interessante é que quanto maior o nível de estudo, maior é a diferença, o que evidência as dificuldades das mulheres em ocupar cargos de gerência”, comenta Silva.

A respeito do projeto do senado Paulo Paim (PT-RS), aprovado no Senado, que prevê multas às empresas que às mulheres salários inferiores aos dos homens quando ambos ocuparem as mesmas funções, Silva não acredita que haverá grande mudança neste cenário. “É muito difícil mensurar isso. Nós conseguimos pegar apenas a média dos salários pagos e uma mudança como essa passa por questões culturais e sociais”, disse. “Nós temos uma diferença nos salários pagos para as mulheres e outra ainda maior para os salários pagos para uma mulher negra”, diz. “Em termos salariais nós temos o salário pago ao homem branco, a mulher branca, ao homem negro e depois a mulher negra e para haver igualdade, a mudança tem de ser em todo este contexto”, conclui.

Otimismo — Apesar destas diferenças, a mulher brasileira é uma otimista e em um exercício diário sabe que o dia seguinte será melhor do que passou. A pesquisa retratou que a maioria as brasileiras (67,1%) espera melhoras em todos os setores da vida para este ano, contra 58,8% das demais.

As melhores expectativas são em relação a vida de modo geral, com 87,8% das mulheres brasileiras prevendo um ano melhor, seguido pela vida familiar (87,1%), vida financeira e profissional ( 83,3%) prevendo um ano ainda melhor, vida amorosa (76,7%) e saúde (75,2%).

Empilhadeira — Haline Ribeiro, de 30 anos, casada e mãe de uma menina, ela trabalha na fábrica da Leão Junior, que pertence ao grupo SABB- Coca-Cola, desde os 24 anos. Haline começou como auxiliar de embalagem e hoje é a única a Operadora de Empilhadeira da fábrica. Decidiu fazer um curso, por conta própria, e, seis meses depois, quando inscrições foram abertas também para mulheres, ela se inscreveu e concorreu com mais 12 candidatos: todos homens. Fez a prova e passou a trabalhar como Operadora de Empilhadeira. Recentemente foi promovida a Auxiliar de Logística e está cursando faculdade na área.

Segundo Simone da Silva Westphalen, do RH da SABB “existe preferência por funcionárias mulheres em função da qualidade que o trabalho exige e atenção que elas têm ao desenvolvê-lo.

Sustentar a casa e coordenar os serviços domésticos não é novidade para a professora aposentada Maria Ecilda Gugelmin, 72. “Desde quando tinha 20 anos trabalhava e ajudava a minha família com o meu salário, e quando fui casada era só eu que a mantinha minha casa, marido e filhos”, conta.

A principal dificuldade para ela foi criar os filhos sozinha, dando a eles uma boa formação, e ao mesmo tempo dar conta dos trabalhos de casa. “Mas no final eu consegui”, comemora a aposentada.