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Preocupação é que, somados à crise do euro, problemas dos EUA reflitam no resto do mundo 

O agravamento da situação econômica nos Estados Unidos, especialmente desde que a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou a nota da dívida do país de ‘AAA’ para ‘AA+’, provocou instabilidade nas bolsas em todo o mundo e o temor de uma nova crise de proporções mundiais, assim como a de 2008.

Ainda não se sabe se o país mergulhará em uma nova recessão ou se apenas enfrentará um período maior de desaceleração. A preocupação é que, somados à crise de dívida que afeta diversos países da zona do euro, os problemas na maior economia do mundo possam respingar no resto do mundo, inclusive no Brasil.

O governo brasileiro já disse que a situação interna do país é mais sólida do que em 2008 – já naquela crise, o Brasil não foi afetado tão gravemente quanto as economias mais avançadas.

O Brasil conta com um mercado doméstico aquecido e indicadores internos positivos, como baixo índice de desemprego e consumo em alta. No entanto, segundo analistas, alguns setores devem sentir o impacto dos problemas nos Estados Unidos.

Comércio exterior

Um dos primeiros efeitos das más notícias nos Estados Unidos foi a queda de confiança, não apenas entre consumidores e empresas americanas, mas também ao redor do mundo, o que pode gerar queda no consumo e ter impacto nas exportações.

Mesmo que os Estados Unidos já tenham perdido o posto de maior parceiro comercial do Brasil para a China, uma redução nas importações americanas seria sentida pelo setor exportador brasileiro.

‘Devemos esperar níveis menores de atividade para os exportadores brasileiros’, disse à BBC Brasil o economista-chefe para a América Latina da consultoria IHS Global Insight, Rafael Amiel.

O analista afirma que as exportações do Brasil para os Estados Unidos nunca se recuperaram depois da última crise econômica mundial, e já estão em um nível menor do que o registrado até 2008. Mas além do impacto direto de uma queda nas importações americanas, o Brasil pode ser afetado também de forma indireta.

Caso os EUA e a Europa deixem de importar produtos de outros países, como a China, esses fornecedores podem ter sua economia prejudicada e, portanto, também reduzir suas próprias compras externas, deixando de importar produtos brasileiros.

Commodities

No caso do Brasil, o efeito da redução das importações por parte dos Estados Unidos e de outros países seria ainda maior no que diz respeito às commodities.

Produtos como soja, minério de ferro e petróleo ocupam grande espaço nas exportações brasileiras.

A queda na demanda por esses produtos, ou a redução dos preços no mercado mundial, teria forte impacto sobre a balança comercial brasileira.

Câmbio

Logo após o anúncio do rebaixamento da nota da dívida dos Estados Unidos, o dólar registrou valorização frente ao real.

No entanto, a moeda americana voltou a perder valor nos dias seguintes, e ainda não se sabe qual será a trajetória em um prazo mais longo.

O setor exportador brasileiro considera excessiva a valorização do real em relação ao dólar, o que torna os produtos nacionais menos competitivos no mercado externo.

Emprego

A queda nas exportações pode reduzir a atividade econômica e pode fazer com que as empresas cortem vagas.

‘Toda empresa quer crescer 10%. Elas ficam desesperadas quando isso não acontece’, diz o economista Rafael Amiel. ‘Isso definitivamente não vai acontecer nos próximos 12 a 24 meses.’

Nos Estados Unidos, muito antes do rebaixamento da nota da dívida o desemprego já era um dos principais problemas da economia e um dos motivos da lenta recuperação econômica.

Com o agravamento da situação na economia americana, também as empresas exportadoras de outros países, como o Brasil, podem acabar cortando vagas.

Crescimento

A expectativa de economistas é de que as dificuldades nos Estados Unidos reduzam o crescimento não somente da economia americana, mas de outros países também.

Com a queda nas exportações, as empresas têm menos recursos para investir e podem cortar vagas, gerando desemprego, queda no consumo, e menor crescimento.

Alguns analistas já começam a rever para baixo suas previsões de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil.

No último boletim Focus (levantamento divulgado semanalmente pelo Banco Central com base em consultas ao mercado) já houve uma leve redução nas projeções para este ano, de 3,96% para 3,94%. Para 2012, a previsão é de crescimento de 4%.

O economista da IHS, no entanto, observa que, apesar da ‘alta probabilidade’, os Estados Unidos ainda não estão em recessão.

‘Temos crescimento lento, mas não uma recessão’, diz Amiel.

O analista afirma ainda que o Brasil tem várias ‘cartas na manga’ para lidar com o impacto do agravamento da situação nos Estados Unidos , entre eles a possibilidade de baixar sua taxa de juros.