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Investigação do Ipea, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, com 3.796 pessoas residentes em áreas urbanas das cinco regiões do país apontou que elas estão trabalhando mais e com dificuldade crescente de parar de trabalhar.

 

Segundo os técnicos de Planejamento e Pesquisa do órgão, André Gambier e Roberto González que apresentaram o estudo esta semana em Brasília, o diagnóstico exige soluções.

 

“Os dados apresentados pela pesquisa são preocupantes, as pessoas estão trabalhando mais, de forma mais intensa, isso é negativo e gera problemas de saúde como estresse, fadiga, desmotivação e menor tempo para passar com a família”, afirma Gambier.

 

Como solução, eles afirmam que a redução da carga horária de trabalho e a regulamentação do teletrabalho atenuariam o problema, pois há uma espécie de diluição das fronteiras entre tempo de trabalho e tempo livre, detectada a partir de dados da pesquisa.

 

Mais de 45% dos entrevistados afirmam ter dificuldade para se desligar totalmente do trabalho remunerado mesmo após o horário de término da jornada diária. Entre as razões, a principal é a necessidade de ficar de prontidão para realizar alguma atividade extraordinária (26%) e a necessidade de planejar ou desenvolver alguma atividade de trabalho, mediante internet, celular, etc (8%). 70% dos entrevistados não conseguem assumir outros compromissos regulares, além do trabalho remunerado. Entre os 30% que afirmam assumir outro compromisso, destacam-se as atividades de devoção religiosa (7%) e a realização de estudos (6%).

 

Mais de um terço dos entrevistados (37%) sente que o tempo livre vem diminuindo no período recente, por conta do tempo diariamente gasto com o trabalho. Isso ocorre por um excesso de atividades exigidas no trabalho (18%), a obrigação de levar trabalho pra casa (5%) e o maior tempo gasto com transporte para o trabalho (4%). 40% dos entrevistados consideram que o tempo dedicado ao trabalho remunerado compromete a qualidade de vida, gerando principalmente cansaço e estresse (14%) e comprometendo as relações amorosas e atenção à família (10%).

 

Quase metade dos entrevistados apresenta reações negativas quando necessita dedicar uma parcela do seu tempo livre a atividades próprias do trabalho remunerado. A principal reação é de conformação por precisar manter o trabalho (36%). Apesar de ficar evidente que os entrevistados (entre 30% e 50%) consideram o tempo dedicado ao trabalho remunerado negativo e que reduzem sua qualidade de vida, apenas 21% afirmam efetivamente pensar em trocar de trabalho por causa do tempo gasto com ele.

 

63% dos entrevistados afirmam que se realizassem alterações nas normas legais que regulamentam a jornada laboral de trabalho no país para um número inferior a 44 horas semanais dedicariam o tempo livre para outras atividades. A maioria (25%) usaria esse tempo livre para cuidar da casa e da família.

 

De acordo com André Gambier, “as questões abordados na pesquisa foram levantadas, pois o mercado de trabalho, após 2003, apresentou sinais de dinamismo. A taxa de desemprego e da informalidade caiu e a taxa de assalariamento formal cresceu juntamente com o valor dos salários”. Essa nova realidade do mercado de trabalho fomentou soluções para problemas históricos do subdesenvolvimento brasileiro. “Mas também criou novos questionamentos: Como fica a relação do tempo de trabalho e tempo livre? Isso significa uma redução da relevância do tempo de trabalho na vida das pessoas?” questionou Gambier.

 

IBGE

 

Em contraste com a pesquisa realizada pelo Ipea, dados apresentados pelo Pnad/IBGE afirmam que houve uma redução do tempo dedicado ao trabalho no Brasil.

 

A população que gasta 45 horas ou mais por semana trabalhando encolheu de 41% em 1992 para 31% em 2009, o que mostra em linhas gerais uma redução da relevância do tempo de trabalho na vida diária da população brasileira.