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A Etapa Nordeste do 5º Congresso Nacional do PDT, promovida pela Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini e realizada em Fortaleza, nos dias 20 e 21 de outubro, retratou que, ainda hoje, os 9 estados do Nordeste, que detêm 28% da população brasileira, concentram 60% dos pobres do pais.

Com a palestra do professor Adriano Sarquis Bezerra de Menezes, diretor de Estudos Econômicos do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), foi possível conhecer a dinâmica do desenvolvimento sócio-econômica da região.

Adriano sistematizou dados de demografia, de pobreza e da economia da região. Apontou que regionalmente, até os anos 70, havia a expulsão dos nordestinos para o centro-sul do país e a partir dos anos 80, a migração passou a ser intra-regional. “isso porque tivemos algumas cidades de porte médio que passaram a ter uma dinâmica maior. Nessa nova morfologia da demografia de transmigração , as cidades pequenas perderam população com a migração para as cidades de médio e grande porte”, disse o professor.

Hoje um verdadeiro cinturão de miséria pode ser visto em todas as grandes cidades do Nordeste e a zona rural sofre pela pobreza que se caracteriza na baixa produtividade do trabalhador agrícola, que sofre com a falta de capacitação e assistência, apesar do novo padrão de desenvolvimento adotado pelo governo Lula pela inclusão social, que tirou da miséria e pobreza extrema boa parte dos moradores da região.

Na opinião do professor, o Nordeste que detém 28% da população do país e tem apenas 13% do PIB brasileiro, e ainda apresenta essa grande desigualdade interna: 10% dos municípios, em torno de 24 cidades, concentram a metade da riqueza do Nordeste, “concentração de renda e de desigualdade muito grande”.

Adriano acredita que o desafio é o de criar políticas para que a população não migre para os grandes e médios centros do Nordeste. “É melhor reduzir a desigualdade do que estimular o crescimento econômico”. Ele aponta à necessidade de distribuição de ativos: ativos de capital humano, como melhorar a escola pública, pois “com uma escola de qualidade você está redistribuindo renda do capital humano”.

Ele não considera mais possível a redistribuição capital físico, a reforma agrária, que deveria ter sito feita anteriormente, não mais no momento. Em relação ao capital financeiro, o professor afirmou que poucas são as pessoas que têm acesso aos fundos públicos de desenvolvimento.

Economicamente, Adriano, que também é do BnB – Banco do Nordeste do Brasil, considera necessário priorizar programas de estruturação econômica da região para gerar efeitos de longo prazo.

Atualmente a atividade econômica do Nordeste é de desenvolvimento monocêntrico, com tendência concentradora na faixa litorânea e forte dependência extra-regional: importa de outros estados muitos produtos que poderiam ser produzidos na região.

As indústrias, na sua maioria de alimentos, bebidas e têxtil, são de setores que não têm encadeamentos muito forte e não geram mudanças estruturadoras.

Adriano defende que, para equilibrar o desenvolvimento do Nordeste e as desigualdades urbanas e rurais, é preciso rediscutir o papel do estado, o papel da Sudene, criar critérios para políticas de incentivos e estabelecer quais são as estratégias mais importantes. “É preciso reavaliar o arcabouço institucional e revitalizar o planejamento na escala urbana das grandes e médias cidades”.

Na avaliação dos participantes do debate das perspectivas para o Nordeste, há necessidade de se discutir um novo modelo de desenvolvimento do conhecimento para a região, um modelo mais moderno e que privilegie a integração dos estados, a inclusão social e a educação integral de qualidade.