Pelo quinto ano seguido, geração de vagas no estado ocorre em ritmo mais acelerado do que em todo o país. Benefícios se espalham por vários setores
O Paraná gerou 114 mil empregos formais nos sete primeiros meses de 2010, elevando em 5,2% o número total de empregados. É o quinto ano consecutivo em que o mercado de trabalho do estado cresce além da média nacional – que teve aumento de 5% de janeiro a julho. Consequência do crescimento do PIB, a expansão do emprego acaba por estimular ainda mais a economia, gerando um círculo virtuoso.
A curitibana Pelissari, prestadora de serviços especializada em softwares de gestão, não deixou de crescer (e contratar) nem mesmo durante a crise. Entre seus 50 clientes há grandes multinacionais, que são muito influenciadas pelo desempenho da economia internacional e penaram um pouco em 2009, mas também companhias de médio porte mais voltadas ao mercado interno, “motor” do PIB brasileiro nos últimos anos.
Com esse “mix”, a Pelissari conseguiu manter sua taxa de crescimento em 35% em 2009. E só está reduzindo o ritmo neste ano, para algo entre 10% e 15%, para ter mais tempo de capacitar seus funcionários, explica o presidente, Rudi Pelissari. “Precisamos garantir que o faturamento de hoje seja transferido, em grande parte, para a formação de pessoas. É o que nos permitirá absorver mais trabalhos no futuro, crescendo com sustentabilidade.”
Incluída pela revista Época na lista das cem melhores empresas para se trabalhar no país, a Pelissari contratou 40 novos funcionários em 2010, elevando o total para 240 – dos quais 77% têm nível superior ou pós-graduação, e 22% estão cursando faculdade. “Com nosso investimento em treinamento e desenvolvimento dos funcionários, conseguimos manter baixos níveis de rotatividade. O que é fundamental em Curitiba, que tem atraído muitas empresas do setor”, conta o presidente da empresa, Rudi Pelissari.
Saúde
O crescimento do mercado de trabalho formal produz efeitos nos segmentos mais insuspeitos. Como, por exemplo, no ramo de análises clínicas. Quem explica é Marcos Kozlowski, sócio-proprietário do Lanac, laboratório curitibano que viu suas receitas crescerem cerca de 30% desde o início do ano.
“Investimos em marketing e na qualidade do atendimento. Mas, independentemente disso, de 90% a 95% das análises que fazemos são para clientes de planos de saúde. Então o que mais impulsiona nosso faturamento é o aumento da carteira de clientes dos planos de saúde. O que, por sua vez, ocorre principalmente quando há um crescimento do mercado de trabalho, pois a maioria das pessoas tem plano de saúde oferecido pela empresa onde trabalha”, diz Kozlowski. Criado há 19 anos, o Lanac acaba de se instalar em um novo endereço, onde ocupa 1,2 mil metros quadrados – quatro vezes o tamanho da antiga sede.
Veículos
Ao lado das facilidades de crédito, o incremento da massa salarial e a confiança na manutenção do emprego são os combustíveis do persistente aquecimento do mercado automobilístico brasileiro. Um movimento que tem efeito óbvio nas montadoras instaladas na Grande Curitiba – revertendo o tombo de 2009, a produção local bate recordes em 2010 – e também em fabricantes de peças e componentes. “O mercado nacional de veículos deve crescer uns 7% neste ano. Como nós conquistamos novos projetos, nossa produção aumenta em ritmo maior que esse”, conta Lucio Pinto, diretor comercial e de engenharia da Jtekt, multinacional japonesa com fábrica em São José dos Pinhais. Segundo ele, a empresa deve produzir 900 mil sistemas de direção neste ano, com alta de mais de 30% em relação a 2009.
Alimentos e bebidas
Com mais dinheiro no bolso, o trabalhador também pode “incrementar” um pouco mais suas compras no supermercado. O suco de uva premium (natural e sem conservantes), cujo mercado cresce cerca de 40% ao ano, vem ajudando a Vinhos Campo Largo a reverter a sazonalidade típica das vinícolas, cujas vendas se concentram no inverno. “No acumulado do ano já crescemos 14%. Mas com nossa consolidação no mercado do Nordeste e a expansão da linha de produtos, acreditamos em uma aceleração nos próximos meses, fechando o ano com alta de 22%”, conta Giorgeo Zanlorenzi, diretor-presidente da empresa.
Na Vapza, que produz alimentos cozidos e embalados a vácuo em Castro (Campos Gerais), o aumento de faturamento neste ano – estimado entre 40% e 50% – é atribuído à nova linha de carnes. “São produtos de valor agregado mais alto, que têm tido recepção muito boa tanto no mercado doméstico quanto no mercado externo”, explica o presidente da Vapza, Welliton Milani.