O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, disse nesta quarta-feira (25/6) que a onda de desinformação sobre uma falsa taxação do Pix, em janeiro, beneficiou o crime organizado. Em um evento em Brasília, Barreirinhas falou sobre os esforços do órgão para combater atividades criminosas, especialmente com a identificação de transações suspeitas em contas bancárias.
“A Receita Federal está atenta a isso há muito tempo. No ano passado, nós debatemos muito com as instituições financeiras que há mais de 20 anos prestam informações sobre movimentação financeira, sobre saldos em suas contas, tanto que isso alimenta a declaração pré-preenchida da declaração do Imposto de Renda”, apontou Barreirinhas, durante evento promovido pelo Instituto Esfera no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP).
O painel do qual participou o secretário contou com a presença do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal; do procurador-geral da República, Paulo Gonet; do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues; e do ministro do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas.
“O mundo caiu na cabeça da Receita Federal. Houve uma avalanche de fake news, falando de (uma falsa) tributação de movimentações financeiras. Isso interferiu na utilização de meios de pagamento no Brasil, que levou a Receita Federal a sustar a normativa e quem ganhou com isso foi o crime organizado”, pontuou Barreirinhas.
À época, a onda de desinformação foi potencializada por influenciadores de direita e por parlamentares da oposição ao governo, que aproveitaram as falhas de comunicação do Palácio do Planalto para espalhar a narrativa de que a mudança teria sido feita às escondidas.
A crise se deu durante a transição da gestão de Paulo Pimenta para Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação Social do governo e acelerou a tendência de queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ofensiva contra fintechs
No evento, Robinson Barreirinhas também destacou o papel de fintechs fraudulentas na lavagem de dinheiro para o crime organizado. O secretário citou uma operação recente do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo que desmantelou uma fintech que movimentou mais de R$ 6 bilhões para organizações criminosas.
Segundo o secretário, diversas operações como esta estão sendo colocadas em prática graças às informações fornecidas pela Receita Federal sobre transações suspeitas e indícios de lavagem de dinheiro. “Teve até aquele caso do operador do PCC que foi assassinado de uma maneira sangrenta ali no aeroporto de Guarulhos, no cerne daquilo havia uma fintech fazendo a lavagem de dinheiro do crime organizado”, frisou.
“Isso é um problema muito grave. Nós não podemos, evidentemente, generalizar. As fintechs prestam um serviço importantíssimo para a inclusão financeira da população brasileira, mas também seria ingenuidade nossa tapar o sol com a peneira. É um instrumento que está sendo muito utilizado (pelo crime)”, completou Barreirinhas.