Ex-ministro reassume mandato de senador e diz a aliados que ligará gastos da pasta à disputa presidencial em discurso
Ministros chamaram integrantes do PR para reunião e pediram que senador evite colocar “gasolina na fogueira”
BRASÍLIA
 O ex-ministro dos Transportes e senador Alfredo Nascimento (PR-AM) avisou a  aliados que, no discurso de  hoje em retorno ao Senado,  associará o aumento de gastos da pasta com obras do  PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) à corrida presidencial de 2010.
 Magoado com a “fritura” a  que foi submetido na pasta,  contou a parlamentares que  dirá que a previsão de gastos  do PAC com obras de transportes subiu R$ 16 bilhões no  ano da disputa presidencial.
 Ele lembrará que a responsabilidade inicial pela coordenação do programa era da  presidente Dilma, que antes  era chefe da Casa Civil.
 Nascimento deixou o cargo em julho diante de suspeitas de irregularidades na pasta. Mais de 20 pessoas foram  demitidas, a maior parte ligada ao PR, seu partido.
 Ele contou a aliados que  hoje irá listar os Estados em  que houve inclusão de mais  obras no PAC. Deve citar como exemplos São Paulo, Minas, Paraná e Santa Catarina.
 Segundo integrantes do  PR, ele dirá que, coincidentemente, são Estados onde Dilma enfrentava maior dificuldade eleitoral. A Folha apurou que esta correlação será  apenas insinuada.
 Ministros do Planalto chamaram ontem à noite integrantes do PR para conversar. Pediram que convençam  Nascimento a não jogar mais  “gasolina na fogueira”. Hoje,  haverá uma outra reunião.
 Mas Nascimento prometia  ser duro. Disse a correligionários que vai declarar independência do governo e que  acha “ótima” a ideia de CPI  (Comissão Parlamentar de  Inquérito) nos Transportes.
 Defenderá seu filho, cuja  evolução patrimonial é alvo  de investigação, e repetirá  que o atual ministro e ex-secretário-executivo, Paulo  Sérgio Passos, estava à frente  do ministério quando houve  maior volume aditivos em  contratos. 
  (CATIA SEABRA, GABRIELA GUERREIRO E MARIA CLARA  CABRAL)

