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Desde novembro do ano passado, dia 20 de janeiro passou a ser a data oficial em que se comemora o Dia Nacional dos Farmacêuticos. Categoria ganha em média salários de R$ 2,5 mil a R$ 3,5 mil

Arquivo pessoal
Lucas Tiago: mostrar importância à sociedade gera reconhecimento profissional
Macacão branco com o velho distintivo da cobra enrolada numa taça e muitas prateleiras de remédios. Essas são as primeiras imagens que vêm à mente num balcão de drogaria ou farmácia. Quando se fala em farmacêutico é quase impossível não associá-lo a essa cena. Mas, será que a profissão se restringe a esses detalhes? Nesta quinta-feira, no Dia Nacional do Farmacêutico, instituído legalmente em 3 de novembro de 2010, o CorreioWeb procura mostrar a realidade de inserção desses profissionais no mercado de trabalho, o nível salarial, o perfil universitário da área e as principais pautas de reivindicação dos trabalhadores que atuam no comércio, hospitais e indústria.

Variando por estado em média entre R$ 2,5 mil a R$ 3,5 mil, segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF), o piso salarial dos farmacêuticos é uma das prioridades para as entidades representativas da classe. A disparidade interestadual é tão grande que, em Pernambuco, por exemplo, o estado com o menor valor, paga-se inicialmente R$ 1,2 mil aos profissionais formados em Ciências Farmacêuticas. Um Projeto de Lei (5.359/2009) do deputado federal Mauro Nazif (PSB-RO) pretende unificar nacionalmente o piso dos salários para R$ 4,65 mil.

O presidente da Federação Interestadual dos Farmacêuticos, Danilo Caser, assegura que os farmacêuticos desejam que essa proposta seja aprovada. Contudo, se a meta irá vingar ainda este ano vai depender da mobilização dos sindicatos, associações e conselhos regionais, lembra. A profissão ainda compra outra briga legislativa, em busca de regulamentar a carga de trabalho de 30 horas semanais.

Um dos principais defensores da nova jornada de trabalho para a profissão, José Leporage, diretor da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar) e até esta quarta-feira presidente da Associação Brasileira de Farmacêuticos (ABF), reforça a necessidade de se criarem condições, como nessa iniciativa, para o profissional se especializar e aprimorar seus conhecimentos na área de atuação.

“Na minha opinião, falta muito farmacêutico nas vigilâncias sanitárias municipais, nos hospitais privados e públicos. Os mercados para a indústria e o setor de manipulação são os melhores, mas áreas novas vêm se destacando como pesquisa clínica (monitoramento de medicamentos) e farmacovigilância (acompanhamento de suspeitas de reação adversa e de falhas de fabricação de medicamentos) que tendem a absorver cada vez mais empregos.”

Leporage, que trabalha com farmácia hospitalar, ainda lembra que as perspectivas de emprego para o farmacêutico têm renascido no mercado brasileiro devido à gradual extinção da imagem do profissional apenas “atrás do balcão”. Em oposição a essa velha máxima, a profissão é dividida hoje em 40 especializações científicas e 74 atividades de trabalho.

Faltando dois dias para o término de 2010, a área de atuação de Leporage ganhou uma reestruturação pelo governo federal. Antes de deixar o cargo para Alexandre Padilha, o ex-ministro José Gomes Temporão ainda assinou uma portaria (nº 4.283) que prevê a reestruturação do setor. Além de garantias de infraestrutura para farmacêuticos hospitalares, o texto passou a obrigar hospitais de qualquer porte a contratar farmacêuticos. Antes, somente instituições de saúde tom número de leitos acima de 200 tinham essa incumbência.

Orgulho de ser farmacêutico
Lucas Tiago Silva Santos, 24, exemplifica bem o interesse dos jovens pela profissão. Formado há seis meses no curso de Farmácia, ele já garantiu seu espaço. De acordo com o presidente do Conselho Federal de Farmácia, Jaldo de Souza, 340 é a quantidade de cursos universitários de Farmácia hoje no país. Deles saem todos os anos mais de 10 mil formandos. Estima-se que existam aproximadamente 170 mil profissionais da área com registro profissional junto aos conselhos regionais.

Quando ainda era aluno, Lucas conciliava a faculdade com os estágios na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e em um hospital particular de Brasília. Assim que concluiu a graduação, o farmacêutico foi contratado pelo hospital e atualmente trabalha com farmácia clínica e supervisão de farmácia. “Meu trabalho me deixa bastante satisfeito, porque, além de possuir um bom piso salarial em comparação com outras profissões, posso ter uma relação mais direta com os pacientes”, revela ele, que, entre outras atividades, analisa prescrições médicas.

Para Lucas, que pretende prestar concurso público para a Anvisa, a profissão ganhou uma grande valorização nos últimos anos graças ao esforço dos farmacêuticos em mostrar à sociedade a importância da atividade. “Os farmacêuticos podem atuar em diversas áreas e existe uma grande preocupação com relação à especialização. Além disso, deve estar atento aos produtos que o mercado lança”, explica.

A professora do curso de Farmácia da Universidade de Brasília (UnB), Damaris Silveira, analisa a criação da Anvisa, em 1999, como um dos fatores que mais contribuíram para a valorização da profissão na última década. “A qualidade dos medicamentos no mercado melhorou consideravelmente e há uma maior vigilância quanto a incidentes envolvendo medicamentos, materiais médicos e serviços de saúde” explica. No entanto, Jaldo de Souza frisa que a fiscalização da agência ainda é muito precária por penar de falta de profissionais e estrutura para trabalhar.

Damaris, que já foi coordenadora do curso na UnB, destaca que a área farmacêutica tem observado uma grande procura de profissionais para concursos públicos em Brasília para cargos de perito, técnico do Ministério da Saúde. “No DF, há uma grande necessidade de pesquisadores nas áreas de Tecnologia Farmacêutica, Assistência Farmacêutica e no desenvolvimento de kits diagnósticos”, lembra. A professora acrescenta que o farmacêutico deve ser versátil e ter características como criatividade, pró-atividade e inovação. O piso salarial de Brasília é o maior do país, em torno de R$ 3,5 mil.

Mais detalhes da profissão

– Áreas de atuação: farmácia comunitária e hospitalar; indústria de alimentos; análises clínicas ; indústria de medicamentos; pesquisa e desenvolvimento de fármacos, cosméticos, alimentos funcionais, kits diagnósticos; produção e controle da qualidade de medicamentos, alimentos, cosméticos, reagentes;

– A Lei 5.991/1973 obriga os estabelecimentos comerciais a manterem pelo menos um farmacêutico. Cabe à Anvisa fiscalizar;

– 80 mil farmacêuticos: contingente de profissionais trabalhando nas drogarias brasileiras, hoje, segunda estimativa do Conselho Federal de Farmácia;

– Apenas 0,1% dos insumos químicos (matéria prima) consumidos pela indústria farmacêutica no Brasil são produzidos no país, de acordo com informações das empresas nacionais;

– R$ 40 bilhões: em quanto beiram os gastos do governo brasileiro com medicamentos, conforme dados do Ministério da Saúde.

Fonte: Correio Braziliense