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Mas, nos bastidores, Dilma Rousseff ameaça aliados e luta contra a oposição para evitar que o reajuste ultrapasse o valor de R$ 545

Brasília – Governo, oposição e centrais sindicais iniciam a semana em clima de tensão em torno da proposta de reajuste do salário mínimo. A votação, marcada para quarta-feira, promete ser o primeiro teste da presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional. Lideranças do governo já admitem dissidências na própria base aliada e, nos bastidores, ela adotou um tom de ameaça a quem votar contra um reajuste maior que R$ 545, como defende o governo. A ameaça seria aumentar o corte previsto de R$ 18 bilhões dos R$ 21 bilhões das emendas de parlamentares. O Planalto também tenta barrar o alinhamento da oposição com as centrais sindicais, movimento que vem sendo capitaneado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Parceiros históricos do PT, os sindicalistas não têm conseguido acordo com o governo em torno do novo valor do mínimo e chegaram a ser chamados de “oportunistas” pelo ex-presidente Lula. “Acho que, neste momento, o caminho mais prudente para nós do PSDB é o entendimento com outras forças políticas. Em especial com as centrais sindicais para termos um projeto comum mesmo que não seja aquele de R$ 600 inicialmente apresentado pelo partido”, disse o tucano.

O governo federal, por sinal, decidiu escolher o deputado Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), como relator do projeto que reajusta o valor do salário mínimo para tentar quebrar a pressão feita pelas centrais sindicais por um aumento maior do que o defendido pelo Palácio do Planalto.

A estratégia faz parte da pressão do governo para evitar que o reajuste do mínimo ultrapasse os R$ 545 defendidos pela presidente Dilma Rousseff. As centrais sindicais têm pressionado até parlamentares da base aliada para que aprovem um reajuste mais alto, chegando a pelo menos R$ 560. Com Vicentinho na relatoria e na negociação com as centrais, o governo avalia que elas terão constrangimento para pressionar fortemente por um valor maior.

Já o líder do PMDB na Câ­­mara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), diz que espera apoio maciço de seus colegas de partido à proposta de elevação do salário mínimo para R$ 545, mas reconhece que essa adesão não será completa. “É natural que tenha dissidências, até porque alguns membros do partido votaram no Serra”, disse. Durante a campanha presidencial, o ex-governador tucano José Serra (SP) defendeu um mínimo de R$ 600.

Apesar do discurso do peemedebista, o governo decidiu também endurecer e exigir fidelidade de todos os partidos alinhados com o Planalto. Por causa disso, o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou que vai considerar como “dissidentes da base” todos aqueles que votarem diferentemente da proposta de R$ 545.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), garante que vai defender junto aos 26 parlamentares do seu partido o valor de R$ 545. O líder da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, que é deputado do partido de Lupi, desdenha as ameaças do Planalto. “Não temos medo de ameaças. Eles vão retaliar o quê? A vantagem nossa é que não temos carguinhos ou emendas para receber. Não temos nada a perder e vamos defender os R$ 560”, disse Paulinho, ao lembrar que o governo já decidiu cortar a maior parte das emendas parlamentares.

Fonte: Gazeta do Povo