NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

O ex-ministro, que coordena grupos técnicos do governo de transição, afirma que o novo governo tem visão de serviço público que diverge da proposta discutida no Congresso, a PEC 32

Por Rafael Bitencourt e Matheus Schuch, Valor — Brasília

O ex-ministro Aloizio Mercadante, que coordena grupos técnicos do governo de transição, afirmou nesta terça-feira (6) que reforçou que a nova gestão é a favor da reforma administrativa. Isso, porém, não quer dizer que o novo governo apoia a proposta discutida no Congresso, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32.

 

“O presidente (eleito) Lula já disse que a reforma administrativa é necessária, não significa que é a PEC 32. Temos outra visão do serviço público”, afirmou Mercadante, em entrevista a jornalistas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília. “Temos que construir um Estado mais eficiente, transparente e que promova a carreira dos servidores”, frisou.

 

O coordenador de GTs do governo de transição disse que os servidores públicos federais estão há sete anos sem reajuste. “Precisamos esperar para ver o espaço orçamentário que teremos”, afirmou. “É difícil achar técnicos qualificados que consigam pagar o custo de vida em Brasília”, destacou. Sobre os concursos públicos, ele disse que serão analisados “ponto por ponto para ver o que é emergencial”.

 

Sobre a falta de equiparação salarial, ele afirmou que os servidores do Judiciário, por exemplo, contam com um “extra-teto”, em contraste com os funcionários públicos do Legislativo e do Executivo. “Podemos reconstruir direitos sindicais, pleitos em relação à mesa de negociação”.

 

Ele disse que os próprios servidores públicos apontaram que há um “desequilíbrio salarial” entre Poderes, que pode ser “agravado” pela PEC Quinquênio”, que que restabelece o pagamento de adicional por tempo de serviço para juízes e membros do Ministério Público e da Defensoria Pública.

 

Mercadante foi questionado sobre a PEC da transição, mas evitou comentar com justificativa de que o foco do seu trabalho é a transição. Mesmo assim, ele fez o alerta: “Se não houver extra-teto, não temos como restabelecer políticas fundamentais”.

 

Mercadante avalia que, diante da falta de recursos no orçamento, a nova gestão não poderá “reverter tudo” e precisará estabelecer prioridades. Segundo ele, a reconfiguração da Esplanada dos Ministérios, que prevê a recriação de órgãos federais extintos nos últimos governos, deverá ser pensada sem aumentar o atual volume de gastos.

“Temos que pensar a engenharia para reconstruir ministérios sem aumentar despesas das atividades-meio”, afirmou o ex-ministro. “Estamos pensando em compartilhar estruturas administrativas entre ministérios”, completou, citando formas de ampliar o organograma do governo sem aumentar gastos.

 

De acordo com Mercadante, o presidente eleito “quer resolver a estrutura dos ministérios” e, para tanto, está observando demandas de ter negros, mulheres, é uma operação complexa.

 

O coordenador de grupos técnicos da transição informou hoje que “quase toda” a estrutura do novo governo está pronta, o que prevê a recriação de ministérios e secretarias. “Estamos discutindo se o Planejamento será um ministério ou se dividiremos área de eficiência e gestão”, afirmou Mercadante.

 

Sobre os nomes de titulares das futuras Pastas, Mercadante ressaltou que “somente o presidente Lula falará sobre ministros”, que ninguém tem autorização para falar em nome dele. A previsão é que os nomes sejam anunciados após diplomação, no próximo dia 12 de dezembro.

 

Conteúdo publicado originalmente no Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.

VALOR INVESTE

https://valorinveste.globo.com/mercados/brasil-e-politica/noticia/2022/12/06/governo-lula-sera-a-favor-de-reforma-administrativa-mas-discorda-da-proposta-atual-diz-mercadante.ghtml