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Os professores da rede estadual de ensino conseguiram ontem o compromisso do governo do Paraná para solucionar pendências do sistema educacional que se arrastavam por pelo menos três anos. Entre os acordos está a nomeação de 2,4 mil professores concursados em 2007, o pagamento de progressões salariais referentes a este ano e o pagamento de salários atrasados de professores temporários. Hoje, o governador Orlando Pessuti deve assinar o decreto que autoriza a nomeação dos docentes concursados.

Os compromissos foram sinalizados depois que os professores paralisaram as aulas e conseguiram se reunir com representantes do governo estadual. Ontem, cerca de mil pessoas estiveram no Pa­­lácio das Araucárias durante toda a manhã. Devido à forte chuva, os professores foram autorizados a ocupar um auditório do palácio. Outros docentes se concentraram em uma tenda, em frente ao local. A manifestação foi estendida para várias cidades do interior, como Foz do Iguaçu, Cascavel e Maringá. Em todo o Paraná, 80% das escolas pararam. As aulas voltam hoje normalmente.

O governo se comprometeu a quitar, ainda neste ano, as progressões salariais referentes a 2010 de professores e funcionários. O valor devido chega a R$ 45 milhões. Segundo a presidente da APP-Sindicato, Marlei Fernandes de Carvalho, outra reunião acontecerá no próximo dia 21 para definir se o valor será pago em uma ou mais parcelas. Marlei avaliou o resultado das negociações como um “bom avanço”.

O pagamento de salários atrasados de professores substitutos contratados por meio do Processo Seletivo Simplificado (PSS) também foi garantido na reunião. Isso deve acontecer antes do Natal. Segundo a APP, 1,3 mil docentes estão sem receber salário desde setembro. Em entrevista, ontem, ao Paraná TV 1.ª Edição, Pessuti explicou que o problema é resultado de uma contratação “desorganizada”. “Somente no dia 10 [de dezembro], conseguimos identificar todos esses temporários e tomar a decisão de uma folha complementar”, afirmou.

Ainda segundo o governador, a situação “não é tão complicada” como tem sido repercutida. “Nós prometemos e asseguramos que resolveríamos até dezembro. Estamos dentro do prazo”, disse.

“Vaquinha”

Segundo o secretário de im­­prensa da APP, Luiz Carlos Paixão da Rocha, muitas escolas tiveram de juntar dinheiro para garantir o vale-transporte de professores substitutos. O professor de Geografia, Je­­ferson Tramontin do Colégio Estadual Aníbal Khury Neto, em Curi­tiba, está sem receber desde o início de setembro. Ele teve de fazer empréstimos com a família e amigos para conseguir continuar lecionando. “O núcleo alegou que faltava documentação, mas estava tudo correto. O compromisso com a escola tem de continuar, mas conosco não há respeito”.

Já o professor de Matemática Robson Aggio, de Irati, no Cen­tro-Sul do estado, não recebe o salário desde o início do contrato, em 31 de agosto. Teve de usar o dinheiro que guardava na poupança para cursar um mestrado. “Não tenho mais nem dinheiro para pagar a inscrição. Gosto do que faço e acredito na minha profissão. Se fosse pela parte financeira, já teria procurado outra coisa”, lamenta.

Colaboraram Thiago Ramari e Marcus Ayres, da Gazeta Maringá.
Fonte: Gazeta do Povo