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Cerca de 3.000 funcionários são retirados da área; um morre de infarto
Operários contrários ao fim da greve foram responsáveis, afirma Polícia Civil; sete são presos em flagrante
 
FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO
AVENER PRADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PORTO VELHO
Um incêndio na usina de Jirau, em Rondônia, destruiu na madrugada de ontem 36 blocos de alojamentos de operários e paralisou o canteiro de obras. Segundo a Polícia Civil, a destruição foi fruto de uma ação criminosa organizada por operários contrários ao fim da greve na usina-aprovado anteontem, após 24 dias de paralisação.
Um operário morreu de infarto durante o tumulto. Em razão do incidente, cerca de 3.000 funcionários da Camargo Corrêa, principal construtora do empreendimento, foram retirados da área e 300 pediram demissão.
Sete funcionários da Camargo Corrêa foram presos em flagrante. Quatro ateavam fogo a colchões e outros três furtavam objetos durante a confusão, segundo o delegado Jeremias de Souza.
A obra está sendo construída no rio Madeira, a 120 km do centro de Porto Velho, e foi paralisada ontem por tempo indeterminado. A empresa não avaliou os prejuízos.
Pouco sobrou dos quartos feitos sobretudo de madeira, na margem direita do rio. Ficaram de pé apenas banheiros e muros de alvenaria.
No total, a Camargo Corrêa tem 91 blocos de alojamentos -53 na margem direita, todos com 16 quartos para até oito pessoas.
Também foi destruído um alojamento da Enesa. Operários dessa empresa terceirizada iniciaram a greve que se alastrou pelo canteiro de obras em março.
Trabalhadores ouvidos pela reportagem disseram ter acordado de madrugada com gritos de colegas. Saíram dos quartos às pressas, com poucos pertences.
O secretário estadual de Segurança, Marcelo Bessa, disse que pediu ao Ministério da Justiça o envio de mais 120 homens da Força Nacional de Segurança Pública.
O governo federal confirmou que vai reforçar a atuação da tropa.
Para Bessa, a presença da Força Nacional e da PM em Jirau evitou a repetição do quebra-quebra que ocorreu há um ano, quando outras instalações foram destruídas e a obra atrasou seis meses.
Ele disse que o reforço é suficiente para evitar confrontos em Jirau e na usina vizinha de Santo Antônio, onde também houve greve. Por isso, descartou o pedido de apoio do Exército.
O consórcio responsável por Santo Antônio disse que a obra foi retomada normalmente anteontem.
BELO MONTE
Em Belo Monte, no rio Xingu (PA), os operários voltaram ao trabalho ontem após quatro dias de paralisação.
O sindicato da categoria e o consórcio construtor ainda vão negociar.
Os trabalhadores cobram equiparação salarial entre quem tem a mesma função e diminuição no intervalo das folgas para visitar familiares.

Colaboraram AGUIRRE TALENTO, de Belém, e MÁRCIO FALCÃO, de Brasília