Estudo da CNI prevê a criação de 2,2 milhões de vagas até 2027 e aperfeiçoamento de mais de 14 milhões de profissionais
O setor produtivo precisa contratar 2,2 milhões de novos trabalhadores até 2027 para conseguir voltar a crescer em um ritmo sustentável. A projeção foi feita pelo Observatório Nacional da Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e foi divulgada junto com o Mapa do Trabalho Industrial 2025-2027. No levantamento, o setor estima que será necessário requalificar 11,8 milhões de profissionais que já ingressaram no mercado de trabalho, o que indica que 14 milhões de trabalhadores em todo o país devem ser qualificados nos próximos anos.
“Com o avanço das tecnologias, é essencial que as habilidades dos trabalhadores evoluam junto com essas mudanças. Isso não só representa oportunidades de emprego, como também impulsiona a produtividade e o desempenho da indústria”, avaliou o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Gustavo Leal, que utiliza os dados do mapa para subsidiar ações de planejamento em cursos de qualificação profissional.
Segundo o diretor do Senai, o estudo reforça a necessidade em aprimorar os cursos voltados para a qualificação no mercado de trabalho para os setores de indústria. Além disso, ressalta que, com o avanço da tecnologia no processo de fabricação e entrega de produtos, os profissionais devem acompanhar ainda mais as transformações nos serviços. Por setor, a maior demanda é da indústria, com uma exigência de 7,4 milhões (53%) de profissionais para a qualificação industrial. Na sequência, os serviços, com 5,9 milhões (42%), também devem contar com maior nível de formação nos próximos anos. Completam a lista, a agropecuária, com demanda de 411 mil (3%), e a administração pública, com 276 mil (2%). A região Sudeste é onde há a maior demanda por qualificação, com mais da metade de todos os cargos do país (51%).
Entre os mais de 2 milhões de novos trabalhadores que o setor industrial demanda para os próximos anos, cerca de 23% seriam destinados apenas ao segmento de logística e transporte, que lideram os segmentos com maior necessidade de mão-de-obra, com 474,6 mil novos profissionais a serem contratados até 2026. Além disso, outros segmentos também devem apresentar uma demanda crescente nos próximos anos, em especial o de construção, que de acordo com o Mapa Industrial, necessita de 364 mil novos profissionais, para atuarem em áreas como na operação de máquinas, ajudante de obras, estrutura de alvenaria, fundações, entre outros. Na sequência, os segmentos de manutenção e reparação (179,4 mil), operação industrial (181 mil) e metalmecânica (175,4 mil).
Sustentabilidade
A produção industrial no Brasil segue em ritmo de crescimento. Com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor avançou 3% nos últimos 12 meses até agosto. Se comparado ao nível pré-pandemia, em fevereiro de 2020, a produção acumula alta de 1,5%. Apesar disso, a indústria ainda está longe de alcançar o recorde da série histórica, registrado em maio de 2011. Desde então, acumula queda de 15,4%.
Para manter o ritmo de crescimento atual e alcançar recordes, o setor entende que é preciso investir em sustentabilidade e capital humano. O Mapa mostra que cerca de 11,8 milhões de trabalhadores precisarão de treinamento e desenvolvimento para atualizar a competência de funções que já desempenham, mas que, atualmente, exigem um conhecimento tecnológico ainda maior.
E, dentro desse contexto, as competências são divididas em três dimensões, dependendo das habilidades técnicas de cada profissional. De acordo com a especialista em mercado de trabalho do Observatório, Anaely Machado, há um gargalo educacional para a qualificação de profissionais no país, o que deve ser combatido com investimento na própria formação desses trabalhadores. “Se os empregadores estão apontando que existe um gargalo, uma falta de mão de obra qualificada, nós precisamos orientar o investimento”, disse.
CORREIO BRAZILIENSE