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País vizinho é o segundo maior cliente comercial do Estado, com um volume de US$ 3,8 bilhões em exportação

Theo Marques/01-09-2011

 
Setor de louças que exportava cerca de 3 milhões de peças por ano ao país vizinho, começa a buscar novos mercados
 
 
 

 Curitiba – A Argentina pretende restringir a entrada de produtos estrangeiros no país. A resolução 3252 da AFIP (Receita Federal argentina) estabelece, na prática, uma barreira burocrática à importação. A partir de 1º de fevereiro, os empresários argentinos deverão apresentar ao órgão tributário uma Declaração Jurada Antecipada de Importação (DJAI). Isso coloca por terra o livre comércio estabelecido entre os países que fazem parte do Mercosul, exigindo dos empresários uma autorização do governo para importar qualquer produto e suspende a licença automática que existia antes. 

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, disse que esta restrição adotada pela Argentina tem força de lei e, por isso, é muito mais preocupante. ”Eles estão indo em desencontro ao Mercosul e ferindo o princípio do livre comércio”, disse. ”É uma agressão, um desrespeito aos parceiros comerciais”, completou. 

Segundo ele, esta nova medida cria gravíssimos problemas para as indústrias brasileiras exportadoras. Campagnolo explicou que como as empresas trabalham com encomendas antecipadas, muitas já estão tendo reflexos imediatos mesmo antes do início de fevereiro. Entre os setores que já estão sentindo o impacto no Paraná estão alimentos, louças e linha branca. 

O presidente da Fiep destacou ainda que há muitas pequenas e médias empresas que podem ser prejudicadas porque já possuem um percentual certo do faturamento que é obtido através da exportação. ”Lamentamos que este tipo de instabilidade venha neste momento. Deveríamos aproveitar a crise internacional para fazer um intercâmbio muito maior entre os países do Mercosul”, destacou. 

O presidente do Sindicato da Indústria da Louça do Paraná (Sindilouça-PR), José Canisso, disse que o setor já está sentindo os efeitos das medidas restritivas da Argentina. Segundo ele, o Estado exportava cerca de 2 milhões a 3 milhões de peças por ano para o país vizinho. 

Canisso destacou que a Argentina cortou as importações de louças da China, com isso, os chineses estão comercializando cada vez mais produtos no Brasil, o que traz uma forte concorrência para os produtos nacionais. ”Isso dificulta o crescimento no setor e novos investimentos”, disse. As 36 indústrias de louças do Paraná produzem cerca de 100 milhões de peças por ano e empregam 5 mil funcionários. ”Agora estamos buscando novos mercados para exportação”, contou. Além disso, ele alertou que as peças chinesas são mais baratas, mas têm alta concentração de chumbo e cádmio, o que pode prejudicar a saúde humana. 

A Argentina é um dos principais destinos das exportações brasileiras. No ano passado, as vendas para o país vizinho somaram US$ 22,7 bilhões. O Paraná também tem fortes laços comerciais com a Argentina, que é o segundo maior cliente comercial do Estado, com um volume de US$ 3,8 bilhões em exportação, atrás apenas da China. 

Com as restrições, os setores paranaenses mais afetados, segundo Campagnolo, devem ser o automobilístico, os eletrodomésticos e as máquinas e implementos agrícolas.