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Por Nathália Larghi, Valor Investe — São Paulo


O IPCA-15, conhecido como ‘prévia da inflação’, subiu 0,54% em outubro ante setembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador acelerou ante o visto em setembro, quando subiu 0,13%.

O índice ficou acima da mediana das 31 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, que apontava para uma alta de 0,51% na comparação mensal. O intervalo das projeções ia de um avanço de 0,40% a uma alta de 0,60%.

No ano, o IPCA-15 acumula alta de 3,71%, e nos últimos 12 meses, de 4,47%, acima dos 4,12% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. É importante lembrar que a meta fixada pelo governo para o IPCA (a inflação oficial) neste ano é de 3%, com 1,5 ponto percentual de tolerância para cima ou para baixo. Portanto, uma inflação de até 4,5% é considerada aceitável, mas o IPCA-15 está bem próximo desse limite tolerável.

Diferença do IPCA-15 para o IPCA

Embora seja conhecido como “prévia da inflação” por antecipar o IPCA, o IPCA-15 mede nada mais, nada menos do que a própria inflação mesmo, só que em outro período.

A diferença prática em relação ao IPCA é que a “prévia” mede a inflação dos dias 15 de um mês e outro, enquanto a inflação “oficial” mede a variação do mês início ao fim daquele mês fechado.

Com esse resultado, a Selic sobe mais?

Além da alta do IPCA-15 ser sentida no bolso dos consumidores (afinal, a inflação significa que os preços, de um modo geral, estão subindo), ela também impacta os investimentos, especialmente a Selic. Isso porque a taxa básica de juros é um dos de instrumentos que o Banco Central tem para controlar a alta de preços.

Quando a inflação está alta, a autoridade monetária sobe os juros, a fim de “encarecer” o dinheiro. Portanto, os empréstimos e financiamentos (tanto dos consumidores como das empresas) ficam mais caros. Assim, há menos consumo, menos dinheiro em circulação. Com isso, os preços tendem a voltar a cair e a inflação entra nos eixos novamente.

O mesmo acontece no cenário oposto. Se a alta dos preços está sob controle, a autoridade monetária pode cortar os juros (e, portanto, “baratear o dinheiro”) para incentivar que as pessoas e empresas gastem sem que isso compromta o bolso delas, já que a alta dos preços está em ordem. E isso serve como um estímulo para a economia crescer.

Atualmente, o Banco Central voltou a aumentar a Selic. E a razão para a mudança foi justamente a preocupação com a inflação.

Na ata da última reunião do Copom, o BC destacou que todos os membros do comitê concordaram em iniciar gradualmente o ciclo de aperto monetário, tendo em vista que “o cenário prospectivo de inflação se tornou mais desafiador”. Sobre o futuro, no entanto, o BC preferiu “deixar em aberto”. No comunicado, o Banco Central afirma que “o comitê debateu o ritmo e a magnitude do ajuste da taxa de juros, bem como sua comunicação” e que “preferiu comunicação que reforça a importância do acompanhamento dos cenários ao longo do tempo” e “sem conferir indicação futura de seus próximos passos”.

Portanto, o futuro da Selic depende justamente de indicadores econômicos. Ao mostrar uma nova aceleração, o IPCA-15 pode trazer mais cautela para o mercado. Afinal, é um indicativo de que o avanço dos preços ainda está fora de controle. Agora, no entanto, resta esperar para ver como o mercado responderá aos números.

O que subiu e o que caiu?

Segundo o IBGE, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta no mês de outubro. A maior variação e o maior impacto positivo vieram de Habitação (com alta de 1,72%). O grupo de Alimentação e bebidas subiu 0,87% e registrou aumento de preços pelo segundo mês consecutivo. As demais variações ficaram entre o recuo de 0,33% de Transportes e o aumento de 0,49% em Saúde e Cuidados Pessoais.

  • Habitação

No grupo Habitação, a alta foi de 1,72%. Nele, o principal impacto veio da energia elétrica residencial, que passou de 0,84% em setembro para 5,29% em outubro. O impacto veio especialmente após a implementação da bandeira tarifária vermelha patamar 2 a partir de 1º de outubro. Destaca-se, também, a alta do gás de botijão, que subiu 2,17%.

  • Alimentação e bebidas

Em Alimentação e Bebidas, que teve alta de 0,87%, a alimentação no domicílio registrou aumento de 0,95% em outubro, após três meses consecutivos de queda. Segundo o IBGE, contribuíram para esse resultado os aumentos do contrafilé (que teve avanço de 5,42%), do café moído (que subiu 4,58%) e do leite longa vida (com alta de 2,00%). No lado das quedas, destacam-se a cebola (que recuou 14,93%), o mamão (que caiu 11,31%) e a batata-inglesa (com queda de 6,69%).

A alimentação fora do domicílio acelerou para 0,66% em outubro, em virtude das altas mais intensas da refeição (de 0,22% em setembro para 0,70% em outubro) e do lanche (de 0,20% para 0,76%).

  • Saúde e cuidados pessoais

No grupo de Saúde e cuidados pessoais, que teve alta de 0,49%, o subitem plano de saúde subiu 0,53%. Segundo o IBGE, o aumento veio com a aplicação de reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os planos contratados antes da Lei nº 9.656/98, com vigência retroativa a partir de julho.

  • Transportes

No grupo Transportes, que registrou queda de 0,33%, o resultado foi influenciado principalmente pelas passagens aéreas (que ficaram 11,40% mais baratas), do Ônibus urbano (que teve recuo de 2,49%), trem (que caiu 1,59%) e metrô (que teve queda de 1,28%). Os recuos aconteceram decorrência da gratuidade nas passagens concedidas à população no dia das eleições municipais, em 6 de outubro.

Em relação aos combustíveis, que tiveram leve queda de 0,01%, o gás veicular caiu 0,71% e o óleo diesel recuou 0,23%. Já o etanol subiu 0,02% e a gasolina apresentou estabilidade de preço.

VALOR INVESTE

https://valorinveste.globo.com/mercados/brasil-e-politica/noticia/2024/10/24/ipca-15-a-previa-da-inflacao-volta-a-acelerar-em-outubro-a-selic-sobe-mais.ghtml