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Durante entrevista, ex-presidente chamou população a votar no dia 30, defendeu melhorias na vida do povo e disse que Jair Bolsonaro é “mentiroso compulsivo”

Foto: Ricardo Stuckert

Com mais de um milhão de espectadores simultâneos atingidos em uma hora, a entrevista do ex-presidente Lula (PT) ao podcast Flow bateu recorde de audiência nesta terça-feira (18). Além de superar Jair Bolsonaro (PL) nos números – o presidente teve 550 mil num programa que durou mais de cinco horas –, o ex-presidente também o desbancou no conteúdo de suas falas. Lula defendeu a necessidade de melhorar a vida das pessoas, chamou a população a votar e, em dois dos momentos mais contundentes, declarou que Bolsonaro é “um mentiroso compulsivo” e que, no caso das meninas venezuelanas, o presidente teve “comportamento de pedófilo”.

 

Logo no início, após comentários sobre implantes capilares e formato de debates, Lula declarou ao apresentador Igor Coelho que as fake news são “um liberou geral”, que os bolsonaristas “são capazes de dizer que vaca voa” e que a campanha do presidente é uma fábrica de mentiras. “Eu aprendi a fazer política no movimento sindical. Era uma política que você defendia um projeto de país. Isso não se tem com eles”, completou. Lula também criticou o fato de muitas vezes a imprensa colocar todos os políticos “no mesmo caixote”, criando uma percepção deturpada e negativa da atividade.

 

Questionado sobre o comportamento de Bolsonaro no caso envolvendo as adolescentes venezuelanas, Lula pontuou que naquele momento o presidente teve “comportamento de pedófilo”. A repercussão negativa das declarações com esse teor, lembrou Lula, gerou desespero em Bolsonaro, ao ponto dele se dedicar a uma live na madrugada de domingo (16) para tentar se explicar.

 

Lula também desmentiu uma das fake news que mais têm sido usadas contra ele pelos bolsonaristas, negando que fecharia igrejas e lembrando que sancionou a lei que garantiu liberdade de organização e estruturação às igrejas em 2003 e a Marcha para Jesus em 2010. “As pessoas devem poder exercer sua religião como bem entenderem”, defendeu.

 

Lula também apontou que há pessoas qualificadas pensando o Brasil dentro e fora do campo da esquerda e defendeu a necessidade de dialogar com amplos setores. Além disso, convocou a população – inclusive o apresentador – a votar. “Se você não vota, você não tem direito de cobrar depois”, pontuou.

 

“Ninguém quer ser pobre”

 

O ex-presidente também criticou setores da elite e da classe média brasileira que nunca engoliram as conquistas dos governos petistas e destacou: “Fizemos a maior política de inclusão social do Brasil. As pessoas passaram a ganhar mais, o salário mínimo aumentava todo ano, criamos o Pronaf Mulher, o Minha Casa Minha Vida – e a casa era no nome da mulher. Invertemos a lógica de que o pobre não podia ter ascensão social”. E salientou que “ninguém quer ser pobre, comer mal, se vestir mal, o cara não consegue porque não teve oportunidade”.

 

Ao ser questionado sobre o fato de que os êxitos de seu governo seriam mero reflexo do “boom das commodities”, Lula apontou: “o fato é que fizemos com que as coisas acontecessem colocando o pobre no orçamento”.

 

Ele defendeu ainda a proposta de abrir linha de crédito para micro e pequenos empreendedores. “Já que o emprego hoje não é como antes, vamos dar oportunidade para a criatividade do brasileiro”, apontou. Ao mesmo tempo, o ex-presidente defendeu que haja mais direitos aos informais, que hoje trabalham sem nenhuma proteção social.

 

Lula voltou a chamar o ex-juiz Sérgio Moro de mentiroso, apontou que sua prisão possibilitou a eleição de Bolsonaro e lembrou da anulação dos processos que o condenaram por “ato indeterminado”.

 

Próximo do encerramento da entrevista, Lula enfatizou: “Voltei porque acredito que é possível melhorar a vida do povo”.