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O governo Lula está a um passo de aprovar as novas regras fiscais, prioridade na sua agenda econômica. O presidente enquadrou o PT e liberou o ministro Fernando Haddad para negociar com o Centrão. Assim, o texto acertado pela Fazenda com o relator, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), deve passar sem maiores dificuldades pela Câmara na próxima semana e seguir para o Senado. Uma alteração em especial facilitou o acordo, abençoado por Arthur Lira: como compensação à perda de arrecadação com a desoneração dos combustíveis, em 2024 e 2025 o governo poderá ter despesas extras calculadas em cerca de R$ 80 bilhões. É dinheiro importante, que pode ter o destino definido pelo Congresso em ano de eleição municipal e em véspera de ano de disputa presidencial.

O ministro, em audiência na Câmara, disse que o trabalho de Cajado foi “buscar um centro expandido” e “sinalizar ao país que este centro está sendo reforçado”. “Estamos despolarizando o país para o bem do próprio país”, justificou Haddad. As concessões da Fazenda — limites para as despesas — desagradaram a petistas. O deputado Lindbergh Faria (RJ), por exemplo, critica o critério de avaliações bimensais das contas e as travas nos gastos e contingenciamentos do Orçamento, caso as metas de controle fiscal não sejam alcançadas. Ele e parte da ala “esquerda” do partido dizem que o centro quer “amarrar” o governo. Temem que eventuais punições previstas no texto, como proibição de concursos e reajustes, se concentrem em 2026, ano de eleição municipal.

No início de junho, enquanto o Senado começa a analisar o novo arcabouço, os deputados recebem o relatório do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) sobre a reforma tributária, outra das prioridades do governo para a economia. Ele acha possível aprovar a proposta ainda no primeiro semestre na Câmara. Está rodando o país — “quase uma campanha presidencial”, brinca — na tentativa de conquistar governadores, prefeitos e empresários. Não espera unanimidade, mas acredita que terá a maioria.

Apesar de os efeitos práticos da reforma não serem imediatos, Aguinaldo acredita que a mudança será essencial não apenas para melhorar o ambiente de negócios e a economia, mas também para a política econômica de Fernando Haddad, já que o sucesso do novo arcabouço fiscal depende de melhorias na arrecadação. Ele foi convencido pelo ministro da Fazenda, com dados da Receita, de que a meta fiscal do próximo ano, de zerar o déficit nas contas públicas, será cumprida, com uma arrecadação extra de R$ 150 bilhões. O dinheiro viria de revisões de subsídios e em consequência de decisões judiciais que beneficiam o governo, além de taxação de serviços que hoje não são tributados, como as apostas on-line.

O poder de convencimento do ministro, no entanto, ainda não foi tão efetivo junto ao mercado financeiro e a economistas mais liberais. Pairam incertezas sobre o plano de Haddad, sobretudo pelo ceticismo acerca das chances de aumento da arrecadação para cumprir as metas propostas pelo governo. Se o “centro expandido” está se mostrando disposto a colaborar, resta saber se continuará assim na hora em que o ministro começar a rever  benefícios fiscais a empresas e à classe média, como tem prometido. Essa é uma briga antiga. Até hoje, foi inglória para quem se meteu nela.

AUTORIA

Lydia Medeiros

LYDIA MEDEIROS Jornalista formada pela Universidade de Brasília, foi titular da coluna Poder em Jogo, em O Globo (2017-2018). Atuou ainda em veículos como O Globo, Folha de S.Paulo, Época e Correio Braziliense. Foi diretora da FSB Comunicações, onde coordenou o atendimento a corporações e atuou na definição de políticas de comunicação e gestão de imagem.

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