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Senador e ex-governador de Mato Grosso estaria chateado com Dilma pelo afastamento de aliado da direção do Dnit

A presidente Dilma Rousseff convidou o senador e ex-governador de Mato Grosso Blairo Maggi (PR) para assumir o Ministério dos Transportes. Mas Blairo recusou. Segundo interlocutores, ele estaria magoado com a presidente devido ao desenrolar da crise nos Transportes. Um de seus aliados – o diretor-presidente do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transporte (Dnit), Luiz Antonio Pagot – foi afastado por Dilma após as primeiras denúncias de corrupção no ministério, no sábado.

O convite a Blairo foi feito por Dilma em uma reunião na noite de quarta-feira, logo após a demissão do ex-ministro Alfredo Nascimento (PR-AM). Na conversa, o senador foi informado de que, caso não aceite comandar o ministério, a alternativa do Planalto será oficializar o secretário-executivo da pasta, Paulo Sérgio Passos, como novo ministro. Desde quarta-feira, Passos, que é filiado ao PR, comanda os Transportes de forma interina.

Passos era a primeira opção de Dilma para o cargo. Ele tem um perfil mais técnico, bem ao gosto da presidente. E, ao nomeá-lo ministro, a presidente iria assegurar que o Partido da República (PR) mantivesse sua cota na Esplanada, evitando assim insatisfações na base aliada do Congresso.

Mas o PR não estaria propenso a aceitar Passos, preferindo um nome mais político. Blairo surgiu como o nome mais forte, embora esteja ligado diretamente a um dos envolvidos no escândalo dos Transportes.

Convencimento

Apesar da recusa de Blairo, seu partido e o Planalto ainda esperam convencê-lo a mudar de ideia. O líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), confirmou ontem que o senador mato-grossense era o primeiro da lista.

O PR agora quer ganhar tempo para que Blairo mude de ideia. A legenda espera que a definição sobre o novo ministro só aconteça depois que Luiz Antonio Pagot for ouvido na terça-feira, no Senado, e na quarta-feira na Câmara. Os depoimentos são uma tentativa de reabilitá-lo politicamente e assim ganhar força para permanecer no cargo, após ter sido afastado e ter tirado férias.

A possível reabilitação de Pagot poderia convencer Blairo, seu padrinho político, a aceitar o ministério – embora o Dnit seja um órgão cheio de denúncias de irregularidades (leia mais na página seguinte).

Ao longo dos oito anos de mandato à frente do governo de Mato Grosso, Pagot esteve sempre com Blairo em postos relevantes: foi secretário de Infraestrutura, de Educação e chefe da Casa Civil.

A forma como o diretor do Dnit foi afastado, sob suspeita de corrupção, teria desagradado a Blairo profundamente. Em conversa anteontem com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o senador teria protestado com veemência contra o afastamento de Pagot. “Não se pode desonrar um homem daquele jeito”, desabafou o senador.

Ontem, Blairo votou a reclamar do governo. Admitiu que há setores do PR “magoados” com a postura da presidente Dilma Rousseff de afastar membros da sigla do governo federal. Apesar de se mostrar favorável à permanência do PR na base de apoio de Dilma, o senador afirmou que o partido precisa rediscutir a sua postura política no Congresso – o grande temor do Planalto. “Precisamos ouvir dos deputados e senadores se eles querem continuar na base, se querem continuar a defender o ministério. Ainda não conversei com eles e não sei o pensamento da maioria. Tem muita gente que ficou magoada com toda essa situação. Vamos ouvir o que vai acontecer”, afirmou.

Mas Blairo atenuou logo de­­­pois suas declarações, afirmando que que vai defender a manutenção da aliança com o governo por considerar que o PR deve enfrentar “solavancos” estando dentro do Executivo. “A gente não pode estar pulando e fugindo no primeiro acidente que acontece. Temos responsabilidade perante a população e a sociedade brasileira de ajudar a conduzir um bom governo.”

Risco calculado

Do lado do Planalto, a escolha de Blairo embute um risco calculado. Embora seja ligado a um dos denunciados, o senador de Mato Grosso garantiria o apoio da base do PR no Congresso, já que a primeira opção de Dilma, Paulo Sérgio Passos, não tem influência sobre a bancada do partido.

Outra aposta do Planalto seria a tetativa de tirar poder do secretário-geral do PR, o deputado Valdemar Costa Neto (SP), acusado de ser o principal articulador do esquema de corrupção no ministério. Dilma não quer um novo ministro que tenha ligações Valdemar – Blairo não teria um relacionamento tão próximo com o deputado.

Suspensão de licitações afeta três obras no Paraná

A suspensão por 30 dias de novas licitações do Ministério dos Transportes, determinada anteontem pelo ex-ministro Alfredo Nascimento, deve atrasar pelo menos duas obras de conservação de rodovias federais no Paraná: as da BR-163 e da BR-153. Segundo a superintendência no Paraná do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), três licitações para essas rodovias estavam programadas para ser lançadas no período da suspensão. O valor previsto para as obras é de R$ 26,3 milhões.

A manutenção ocorreria em dois trechos da BR-153, conhecida como Rodovia Transbrasiliana: o primeiro entre as cidades de Ibaiti e Ventania (no Norte Pioneiro) e o segundo entre Paulo Frontin e Paula Freitas (no Sul do estado). A Transbrasiliana, quando pronta, seria uma alternativa para os motoristas evitarem a BR-116. O terceiro trecho cuja licitação está suspensa fica na BR-163, entre Toledo e Marechal Cândido Rondon, no Oeste.

Prazo

De acordo com a Superinten­­­dência do Dnit, caso a suspensão acabe no tempo programado, ainda há chance de as obras não terem de ser adiada para o próximo ano.

O Dnit no Paraná também estava elaborando o processo de licitação de projetos para o Programa de Restauração e Manutenção de Rodovias (Crema). As reuniões começaram na segunda-feira e deveriam seguir até o dia 12. Com o recebimento do comunicado oficial de suspensão das licitações, a superintendência cancelou as reuniões seguintes. Outras obras e manutenções já licitadas continuam normalmente, entre elas as do Contorno Sul, em Curitiba, e obras em Ponta Grossa e Foz do Iguaçu.

Mariana Scoz, especial para a Gazeta do Povo