NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

O atual valor do salário mínimo, R$ 622, está 3,86 vezes abaixo do necessário para suprir as necessidades básicas do brasileiro. O valor ideal, em janeiro deste ano, era de R$ 2.398,82. Os dados são da pesquisa divulgada no início da semana pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Já em dezembro do ano passado, o valor do mínimo era de R$ 545, porém, o valor necessário era de R$ 2.329,35. O economista do Dieese, Cid Cordeiro, explica que a lei considera salário mínimo necessário o valor que consegue atender às necessidades vitais como habitação, alimentação, sa© úde, lazer, vestuário, educação, higiene e transporte. Para chegar ao valor ideal, é usado como base o cálculo mensal da cesta básica.

O economista lembra que desde 1994 o País desenvolve uma política de valorização do salário mínimo. ”Mesmo com a recuperação, o valor ainda está distante do que a lei prevê. A evolução é positiva, entretanto, não está cobrindo o custo de uma família com alimentação, por exemplo, que está na média de R$ 730”, afirma.

Cordeiro considera que se algumas medidas forem mantidas e outras adotadas, em 20 anos teremos condições de chegar a um valor maior. Entre as alternativas, ele aponta a continuidade de valorização do salário mínimo e percentuais de aumento real maiores do que os praticados.

O chefe do departamento de Economia e professor de Macroeconomia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Antônio Eduardo Nogueira, explica que o salário não acompanha o valor necessário por problemas de mão de obra. ”As empresas, o governo e os municípios não têm condições de pagar os funcionários à altura”, diz.

De acordo com ele, se o governo reajustasse ”numa pincelada”, haveria o repasse para a sociedade em inflação. Consequentemente, ”o salário mínimo compraria até menos do que compra hoje”. Ele completa que, como muitos trabalhadores recebem o mínimo, um reajuste imediato poderia causar uma hiperinflação que traria resultados piores que os dos anos 1980.

Para chegar aos vencimentos necessários em 10 ou 15 anos, Nogueira aponta que o Brasil deve investir em educação, ciência e tecnologia e infraestrutura. ”Se os trabalhadores desenvolverem funções que exijam mais conhecimento, vão ganhar mais. Então, teremos uma minoria recebendo o salário mínimo. Dessa maneira, o valor pode aumentar que não haverá impacto muito grande para a economia”, afirma. ”O segredo não está na greve ou pincelada do governo, mas sim em investimentos”, reitera.