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Denúncias envolvendo assessores de Carlos Lupi (PDT) podem antecipar mudanças no Ministério do Trabalho, que passaria para a cota do PMDB. Peemedebistas entregariam a Agricultura para os pedetistas

Brasília – O decorrer da nova crise no Ministério do Trabalho pode levar a uma troca entre PDT e PMDB no primeiro escalão do governo federal. Caso o pedetista Carlos Lupi seja afastado do comando da pasta, há chances de a vaga ficar com os peemedebistas, que abririam mão da Agricultura. A mesma mudança chegou a ser negociada durante o governo Lula, mas não houve entendimento entre os partidos.

A alteração poderia beneficiar o presidente do PDT no Paraná, Osmar Dias, cotado para assumir a Agricultura. O avanço das negociações, porém, depende do agravamento da situação de Lupi, que é presidente nacional da legenda. De acordo com reportagem publicada no fim de semana pela revista Veja, assessores do ministro teriam pedido propina a organizações não governamentais para liberar recursos públicos.

As acusações contra Lupi seguem o mesmo roteiro que derrubou outros cinco ministros suspeitos de envolvimento com corrupção na gestão Dilma Rousseff. O agravante é que ele tem menos prestígio entre a base aliada no Congresso Nacional e também no Palácio do Planalto. Já estaria nos planos da presidente substituí-lo durante reforma ministerial programada para janeiro.

Ontem, parlamentares do próprio PDT decidiram pedir à Procuradoria-Geral da República a investigação dos fatos. A queda de Lupi levaria ao agravamento das disputas internas e não estaria descartada uma mudança para a oposição. Atualmente, a sigla é apenas a sexta maior da Câmara, com 26 deputados, e a quinta maior do Senado, com quatro membros.

“Já vi essa troca [da situação para a oposição] acontecer antes. O melhor para o partido é manter os compromissos assumidos durante a campanha e ficar no governo”, defendeu Osmar Dias, visto em Brasília como um dos poucos nomes capazes de unificar o partido sem Lupi. O paranaense também defende a investigação, mas diz que é preciso dar chance de defesa ao colega.

Sobre a possibilidade de assumir a Agricultura, Osmar disse que o assunto nunca chegou a ser discutido com ele. “Historicamente já se cogitou essa troca de ministérios, mas lá no governo Lula. Isso é uma decisão da presidente Dilma, nem adianta avançar nessa conversa porque é ela quem define.”

Ele ressaltou que está satisfeito com o atual cargo na vice-presidência de Agronegócios do Banco do Brasil. “Até pela minha função tenho me dedicado muito pouco à política, só estou acompanhando esse caso pelos jornais.”

Recém-filiado ao PDT, o ex-deputado federal Gustavo Fruet – que assumiu ontem o diretório curitibano da legenda – também defendeu que as denúncias de desvios no Ministério do Trabalho precisam ser investigadas. “Não vou entrar no fanatismo de que se é do meu partido não precisa prestar contas”, justificou.

Resistência

Os inconvenientes para a troca de ministérios seriam as resistências de setores dos dois partidos. Enquanto os pedetistas têm origem trabalhista e ligações com o movimento sindical, os peemedebistas têm forte envolvimento com a bancada ruralista no Congresso. Além disso, a indicação do ministro da Agricultura vem sendo feita pela bancada do PMDB na Câmara, que não estaria disposta a ceder espaço.

Por outro lado, há dúvidas sobre a evolução do estado de saúde do atual ministro da Agricultura, o deputado gaúcho Mendes Ribeiro. No dia 14 de outubro, ele passou por uma cirurgia para retirar um tumor do cérebro e ainda está em recuperação. Na semana passada, após receber alta, ele voltou a ser internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, com dores na cabeça.