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O Ministério do Trabalho decidiu embargar a obra onde um operário morreu e outros dois ficaram feridos na manhã desta quinta-feira (15). O acidente aconteceu no bairro Itapoã, em Vila Velha. Os funcionários não usavam equipamentos de segurança e despencaram de um andaime.

Fotos mostram a madeira usada na marquise onde os operários trabalhavam. Segundo o Ministério Público e a polícia, o material não oferece a segurança. “A madeira era reaproveitada, aparentemente podre e despedaçava”, afirma a analista pericial Lorrane de Britto. “Os trabalhadores ali estão em risco”, completa. Os fiscais identificaram várias irregularidades na obra. A laje tem buracos e a cobertura não tem proteção contra quedas.

Segundo dados do Anuário Brasileiro da Proteção, o Espírito Santo é o estado da região Sudeste onde ocorrem mais acidentes do trabalho. São 23 para cada 100 mil trabalhadores. Somente neste ano, a polícia já registrou 46. Um aumento de 28% em relação ao mesmo período de 2010. Em 20 anos, foram mais de 170 mil acidentes.

Para o delegado do trabalho José Luiz Pazetto, responsável pelo caso, os números são resultado do crescimento desordenado do setor. “Atribuo esse número ao ‘boom’ do desenvolvimento na construção civil e à falta de fiscalização e compromisso com a segurança”, afirma. “Se os equipamentos fossem utilizados corretamente, o número seria menor”, declara.

Segundo a Secretaria da Saúde, um dos operários feridos no acidente teve um trauma na coluna e está sendo operado em um hospital particular de Vila Velha. O outro ferido está internado no hospital São Lucas, em Vitória.

Denuncie obras irregulares

Três operários despencaram por 12 metros, em uma construção no bairro Itapoã, em Vila Velha. Uma das vítimas, de 38 anos, que começou a trabalhar nesta quinta-feira (15), não resistiu aos ferimentos e morreu. O acidente aconteceu por volta das 9h30. Nenhum dos operários usava equipamentos de segurança. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) ainda não divulgou o boletim com o estado de saúde das outras vítimas.

Segundo testemunhas, os trabalhadores andavam em cima de uma estrutura de zinco e madeira, conhecida pelos operários como ‘para cisco’, que não resistiu ao peso dos três e cedeu. De acordo o encarregado da construção, na obra existe o equipamento mas não estava sendo usado por ninguém.

O proprietário da obra Ronilson Rizo, chegou ao local do acidente e ficou em estado de choque. “O importante agora é salvar a vida dos que se feriram. Não é hora de discutir o que aconteceu”, disse Rizo.

Ao lado da obra, outros operários em uma altura ainda maior, com aproximadamente 100 metros, se arriscavam para ver a movimentação do resgate aos acidentados, mas não utilizavam nenhuma proteção.

Para o representante do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, acidentes com operários acontecem diariamente. “As empresas querem economizar e repassar um preço melhor para quem vai comprar o imóvel. Por isso, tiram um custo nos equipamentos de segurança. Deixam de comprar cintos e materiais de rapel para a obra sair mais barata”, denunciou Virley Alves.

De acordo com o sindicato, algumas construtoras não trabalham com o mesmo número de equipamentos de segurança equivalente ao número de operários. Os outros dois operários acidentados foram socorridos por ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) para hospitais em Vitória.

 

As denúncias devem ser feitas à polícia, no telefone 3235-3093, ou ao Ministério Público do Trabalho, no telefone 2125-4500.

Entenda o caso