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Com crescimento em 11 de 14 atividades, produção estadual aumentou 7% em 2011, o melhor resultado do país. Maior estímulo veio do setor automotivo, que cresceu quase 30%


No embalo de um desempenho excepcional nos últimos três meses do ano, a indústria paranaense encerrou 2011 com o maior cres­­cimento entre os 14 estados mo­­nitorados pelo Instituto Bra­­si­lei­­ro de Geografia e Estatística (IBGE). A produção local aumentou 7% em relação a 2010, em contraste com o pífio resultado da mé­­dia nacional, que subiu apenas 0,3%.

Divulgada ontem, a pesquisa do IBGE reforçou o quadro positivo desenhado na semana passada por uma sondagem da Fiep, segundo a qual o faturamento do setor cresceu 5,8% em 2011, impulsionado pelo crescimento econômico do próprio estado.

“Custo Brasil” e câmbio prejudicam produção nacional, diz instituto

Apenas Espírito Santo e Goiás – estados que haviam liderado o ranking do crescimento da produção industrial de junho a novembro – se aproximaram do desempenho paranaense no ano passado. Segundo o IBGE, as indústrias desses estados cresceram 6,8% e 6,2%, respectivamente, em relação a 2010. Nos outros estados o crescimento foi bem mais tímido. Na Bahia, no Ceará e em Santa Catarina, a produção até diminuiu. E nos três principais centros industriais do país – São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais – o setor ficou estagnado, o que foi determinante para o fraco crescimento da média nacional.

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) avalia que “o que os números do IBGE mostram é que a perda de competitividade das empresas brasileiras devido ao Custo Brasil e ao câmbio está levando, sim, a um processo de desindustrialização”. Em comunicado, o Iedi afirma que, embora não haja “um mais evidente desaparecimento de elos das diferentes cadeias produtivas”, já há “um enfraquecimento deles, notadamente pela perda de seus mercados internos para produtos importados”.

Fábricas usam quase toda a capacidade instalada

Dados apresentados pela Fiep na semana passada dão outras amostras do ritmo em que vem operando o setor automotivo paranaense. Um deles é o nível de utilização da capacidade instalada. Na média de outubro a dezembro, o segmento de “fabricação e montagem de veículos automotores” ocupou o equivalente a 97,3% de sua capacidade máxima, nível considerado altíssimo – e que já motiva ampliações em algumas fábricas.

Ainda segundo a Fiep, os salários nesse segmento, que acumulam ganhos reais expressivos há anos, estão muito acima dos pagos por outros ramos. No último trimestre, o salário líquido médio dos trabalhadores das linhas de produção das montadoras foi de R$ 3.364,89. A indústria de produtos químicos, a segunda desse ranking, pagou em média R$ 2.082,52.

Investimentos

Para o presidente da Fiep, Edson Campagnolo, os investimentos anunciados ao longo de 2011 devem manter o segmento em evidência nos próximos anos. Entre eles estão a ampliação da linha de produção da Renault e a construção da fábrica de caminhões da norte-americana Paccar, em Ponta Grossa (Campos Gerais). “Daqui a pouco estaremos de olho na posição de Minas Gerais”, diz Campagnolo, referindo-se ao segundo maior polo automotivo do Brasil – hoje o Paraná é o terceiro.

Sprint final

No quarto trimestre de 2011, a produção paranaense cresceu 15,1% em relação a igual período de 2010. A expansão, que veio na esteira de um crescimento de 9,5% no terceiro trimestre, ajudou a indústria do Paraná a “roubar” do Espírito Santo a liderança do ranking nacional.

Além de ocorrer em meio a um cenário desfavorável para indústria brasileira, a expansão paranaense se deu sobre uma forte base de comparação: em 2010, a produção estadual havia dado um salto de 14,2%, depois de sofrer uma queda de 2,1% em 2009, sob os efeitos da crise internacional.

A expansão da indústria do Paraná foi bastante disseminada: 11 dos 14 ramos pesquisados produziram mais no ano passado. Mas nenhum se destacou tanto quanto o polo automobilístico de Curitiba e região. De acordo com o IBGE, a produção de veículos automotores aumentou 29,9% e foi responsável por 6 pontos porcentuais (o equivalente a 86%) do crescimento médio de 7% da indústria estadual – na média nacional, a produção de veículos subiu apenas 2,4%.

Em seu relatório, o IBGE mencionou a produção de caminhões como principal destaque da indústria automotiva paranaense em 2011. A Volvo, que tem fábrica na Cidade Industrial de Curitiba, vendeu pouco mais de 19 mil caminhões no mercado brasileiro, 25% a mais que em 2010 – resultado atribuído, em parte, à antecipação de compras motivada por uma mudança na legislação ambiental, que deve encarecer os caminhões neste ano.

A produção de veículos leves também cresceu. Exemplo disso é o desempenho da Renault, que compartilha um complexo fabril com a Nissan em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). No ano passado, a empresa – que abriu um terceiro turno de trabalho pela primeira vez – montou 256,2 mil automóveis e utilitários, 34% a mais que em 2010.

Retomada

Outra atividade com crescimento relevante foi a produção de combustíveis, que aumentou 12,1% e se recuperou de dois anos de retração. A retomada se deve essencialmente à produção de gasolina e óleo diesel na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), de Araucária, na RMC, uma vez que as usinas de etanol do interior diminuíram o ritmo, prejudicadas por problemas climáticos e pelo envelhecimento dos canaviais.

Também cresceram a taxas expressivas as indústrias de madeira (8,8%), produtos de metal (10,1%) e máquinas e materiais elétricos (13,9%) – e, nos três casos, com índices muito superiores aos da média de todos os estados.

Retração

Na parte inferior da tabela aparecem a indústria mobiliária e os segmentos de edição e impressão e máquinas e equipamentos, com retrações entre 4,2% e 5,4%. Os dois últimos, segundo o IBGE, foram afetados por quedas nas encomendas de livros didáticos, máquinas agrícolas e máquinas para a indústria de panificação.

Ipardes elogia resistência do setor e ações do governo

O presidente do Instituto Para­naense de Desenvolvimento Eco­nômico e Social (Ipardes), Gilmar Mendes Lourenço, atribui a ex­­pansão da produção industrial paranaense a três fatores: “a enorme capacidade de resistência do setor privado” à alta das taxas de juros entre outubro de 2010 e julho de 2011; o “forte poder de resposta” do segmento produtivo regional às medidas de estímulo ao crédito adotadas pelo Banco Central a partir de agosto; e “à flagrante melhoria do clima de negócios no Paraná, resultado de um arranjo institucional celebrado entre o governo e os demais atores sociais”. A análise consta de um comunicado enviado à imprensa.

Subordinado ao governo do estado, o economista deu como exemplo o anúncio de projetos industriais de R$ 9 bilhões protocolados no programa governamental Paraná Competitivo. No entanto, a grande maioria desses anúncios não teve influência sobre as estatísticas de produção industrial de 2011, uma vez que vários desses projetos ainda não foram executados ou construídos.