As mulheres brasileiras continuam enfrentando desigualdades no mercado de trabalho, mesmo com maior escolaridade do que os homens. É o que mostra o Censo 2022, divulgado nesta quinta-feira (9/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o levantamento, o rendimento médio mensal de todas as ocupações no país foi de R$ 2.506 para as mulheres, quase 20% a menos do que os R$ 3.115 recebidos pelos homens. A desigualdade salarial foi encontrada em todos os níveis de escolaridade, mas ficou mais evidente entre quem tem ensino superior completo. Enquanto os homens ganham, em média, R$ 7.347, as mulheres recebem R$ 4.591, uma diferença de 37,5%.
O Censo também confirma que as mulheres têm maior nível de escolaridade. Entre as pessoas ocupadas, 28,9% das mulheres tinham diploma de nível superior, contra 17,3% dos homens. Já no nível mais baixo de instrução, a diferença é inversa, 43,8% dos homens não haviam concluído o ensino médio, enquanto entre as mulheres esse percentual era de 29,7%.
Apesar da formação acadêmica mais avançada, as mulheres continuam enfrentando obstáculos para entrar e se manter no mercado de trabalho. Em 2022, 62,9% dos homens estavam ocupados, contra apenas 44,9% das mulheres. Essa diferença se repete em todas as idades. Na faixa entre 35 e 39 anos, por exemplo, 82,6% dos homens estavam empregados, contra 63,6% das mulheres.
As mulheres também se concentram em determinadas ocupações, muitas vezes associadas ao cuidado ou a funções administrativas. No setor de serviços domésticos, elas representam 93,1% da mão de obra. Em saúde humana e serviços sociais, chegam a 77,1%. Já na educação, a participação feminina é de 75,3%.
Por outro lado, em setores tradicionalmente masculinos, a presença feminina é mínima. Apenas 3,6% na construção, 9,3% no transporte e armazenagem, e 14,4% nas indústrias extrativas.
Desigualdade racial
O estudo também revela desigualdade de renda entre grupos de cor ou raça. Os maiores rendimentos médios mensais foram encontrados entre as pessoas que se declararam amarelas (R$ 5.942) e brancas (R$ 3.659). Os valores mais baixos ficaram entre pardos (R$2.186), pretos (R$ 2.061) e indígenas (R$1.683), todos abaixo da média nacional de R$2.851.
No nível superior completo, a diferença é ainda mais clara. Pessoas que se autodeclararam amarelas ganhavam em média R$ 8.411, contra R$ 6.547 entre brancos, R$ 4.559 entre pardos, R$ 4.175 entre pretos e R$ 3.799 entre indígenas.
Segundo o IBGE, em 2022, mais de um terço dos trabalhadores do país (35,3%) recebia até um salário mínimo, que na época era de R$ 1.212. Apenas 7,6% tinham rendimento acima de cinco salários mínimos. O país registrou ainda um Índice de Gini de 0,542, usado internacionalmente para medir a desigualdade na distribuição de renda. Quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade.
Os dados foram coletados pelo módulo de Trabalho e Rendimento do Censo 2022, aplicado em cerca de 10% dos domicílios brasileiros, com 7,8 milhões de entrevistas realizadas entre 25 e 31 de julho de 2022.
CORREIO BRAZILIENSE