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Para Sharan Burrow, secretária-geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), a disputa entre países e empresas por mercados, em meio a uma nova etapa da crise econômica, ameaça direitos e conquistas dos trabalhadores. Sharan diz que Dilma Rousseff tem liderança global e pede à presidente que defenda causas trabalhistas em fóruns globais.

A secretária-geral da Central Sindical Internacional (CSI), Sharan Burrow disse, na última quarta-feira (17), que a crise econômica mundial “significa que hoje o mundo é um lugar muito perigoso para os trabalhadores.” Para a entidade, a acirrada disputa entre países e empresas por mercados ameaça direitos e conquistas trabalhistas.

A declaração foi feita depois de uma audiência de Sharan e outros dirigentes da CSI, a maior central sindical do mundo, com a presidenta Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto. A crise econômica foi o principal assunto da conversa.

A secretária-geral afirmou ter pedido ajuda a Dilma para defender os pontos de vista trabalhistas neste cenário difícil. Acredita que o Brasil e sua presidente “colocam as pessoas no centro das políticas nacionais” e possuem “liderança” global, sobretudo no G-20, fórum dos países mais ricos do mundo criado por iniciativa do ex-presidente Lula.

“Acredito que a presidente vai desafiar o mundo e pedir um piso de proteção social aos trabalhadores”, declarou Sharan, que é australiana.

Uma bandeira concreta que a sindicalista diz ter pedido a Dilma que defenda foi a instituição da taxa Tobin, imposto internacional que seria cobrado em transações financeiras. Na véspera da reunião entre as duas, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, haviam defendido a tributação.

“Pedimos ajuda para acabar com a ganância do mercado financeiro com um pequeno imposto que poderia viabilizar a economia verde e a mitigação de carbono”, declarou.

Segundo a sindicalista brasileira Nair Goulart, presidente-adjunta da CSI, Dilma não teria se manifestado sobre o imposto.

Ainda de acordo com Nair, Dilma teria se mostrado preocupada com eventuais reflexos de uma crise mais acentuada sobre o Brasil. “Ela repetiu que estamos numa situação bastante particular, mas que não estamos isolados do mundo”, afirmou à Carta Maior.

Na conversa, também pelo relato da brasileira, Dilma teria se posicionado contra outra ideia de Sarkozy, de impor um limite a preço dos alimentos. “Ela falou que não concorda, porque os ricos não querem limite para petróleo e fertilizantes, que eles produzem.”

A CSI é fruto da fusão de duas centrais internacionais, consumada no final de 2006: a Ciols, marcadamente anticomunista, e CMT, cristã. É uma entidade de orientação social-democrata, que se opõe à Federação Sindical Mundial (FSM), e defende a conciliação de classes entre capital e trabalho, propondo reformas com a pretensão de humanizar o capitalismo.

Propugna a reforma do FMI e do Banco Mundial, cujos dirigentes participaram de recente congresso da CSI realizado no Canadá, e medidas paliativas para amenizar o sofrimento da classe trabalhadora, como seria o caso da taxa Tobim, também proposta pelos líderes direitistas da Alemanha, Ângela Merkel, e França, Nicolas Sarkozy.

A FSM, ao contrário, adota uma perspectiva revolucionária de luta anticapitalista, critica o reformismo social-democrata e considera que o socialismo é a verdadeira alternativa à crise do ponto de vista da classe trabalhadora. No Brasil, CUT, Força Sindical e UGT são filiadas à CSI, ao passo que CTB e CGTB são filiados à FSM.