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A região Sudeste é onde os sindicatos conseguiram os menores reajustes e ganho real, de acordo com o levantamento realizado pelo Valor. A média de reajuste das 61 convenções coletivas (22,5% do total analisado no Sudeste) com validade pelo menos até maio de 2012 ficou em 7,37% na região. O aumento real, em 0,55%. O número está bem abaixo da média brasileira, de 0,83%.

A média da região contrasta com os aumentos negociados por sindicatos com maior representatividade situados em São Paulo, como o dos metalúrgicos. Os sindicatos menores puxam a média para baixo. Poucas categorias conquistaram aumentos superiores a 1% nos quatro Estados do Sudeste.

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No ABC paulista, os metalúrgicos das montadoras foram os primeiros a conquistar 2,55% de aumento real em setembro, acordo que serviu de base para outros sindicatos, como o dos metalúrgicos de Limeira e Rio Claro, que conseguiram o mesmo reajuste.

Também em São Paulo, os comerciários fecharam um acordo que garante 3,1% de aumento real – bem acima da média de 0,54% dos sindicatos no Estado. A média de aumento real de São Paulo foi apenas a 16ª maior do país.

O Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde da Baixada Santista fechou as negociações de 2011 com reajuste de 5,5%, abaixo da inflação no acumulado de 12 meses do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) com data-base em junho (6,44%).

Um caso pouco comum que pode ser somado aos dos metalúrgicos e comerciários é o do Sindicato dos Empregados em Empresas de Industrialização Alimentícia de São Paulo e Região. A categoria Cacau, Balas e Derivados conseguiu 2,8% de ganho real neste ano. “Nossa meta é sempre 3%. Quando não chegamos perto da meta, conquistamos outros benefícios, como foi o caso da cesta básica. Uma cláusula social acaba se tornando econômica para o trabalhador”, diz José Ferreira, diretor do sindicato.

As reivindicações da categoria foram baseadas em um acompanhamento do desempenho do negócio de cacau no país. “O chocolate teve, nos últimos três anos, crescimento de cerca de 21% em vendas”, argumenta Ferreira.

Na outra ponta da tabela está Alagoas, onde a média de aumento real ficou em 1,6%. Em muitos Estados do Norte e Nordeste, a amostra do levantamento foi menor, já que o número de convenções de trabalho assinadas no período foi baixo. No Acre e no Amapá, não houve registro de convenções válidas pelo menos até maio do próximo ano.

O Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Cargas da Cidade de Maceió conquistou 9% de reajuste, sendo 2,4% de aumento real. “Todo ano conseguimos algo em torno disso. Fazemos uma pesquisa dos níveis salariais no Brasil para montar a nossa proposta”, diz Elenildo da Silva, diretor do sindicato. Se por um lado eles não encontram dificuldades ao negociar o reajuste com os representantes patronais, as cláusulas sociais andam em ritmo mais lento. “Falta lazer para os trabalhadores. Há alguns anos reivindicamos um espaço de lazer ao qual os rodoviários possam ter acesso, fazer academia e cursos profissionalizantes.”

Apesar do “fraco” desempenho de Santa Catarina, onde a média de ganho real ficou em 0,45%, a região Sul foi a que apresentou melhor resultado no país. A média de reajuste foi de 8,02%, sendo 1,05% de aumento real.

Alguns casos particulares contribuíram para essa média alta, como o do Sindicato dos Guias de Turismo de Foz do Iguaçu. Nas negociações de 2011, o Singtur-Foz conquistou 20,75% de reajuste, o que representa 13% de aumento real. Mas há uma explicação. “A última convenção assinada foi em 2008. Nós já tínhamos dado início a um processo no Ministério Público do Trabalho, quando conseguimos fechar esse acordo”, diz Ana Paula de Melo, presidente do sindicato.

Plínio Escapini, presidente do Sindicato das Empresas de Turismo de Foz de Iguaçu (o sindicato patronal), diz que o atraso de três anos nas negociações da categoria foi provocado pelo sindicato trabalhista, que pretendia incluir na convenção coletiva os trabalhadores autônomos, maioria entre os guias turísticos da cidade. (CG)