A Nova Central não concorda que o crescimento econômico seja bloqueado em decorrência dos ajustes fiscais que o governo quer fazer. A afirmação é do presidente da NCST, José Calixto Ramos, depois de reunião com a presidenta Dilma Rousseff, realizada em Brasília (29/08). “O superávit primário é ruim para o País, pois é uma receita destinada somente a pagamento de juros da dívida pública, em detrimento da produção e da geração de emprego”. José Calixto e o secretário-geral, Moacyr Tesch, representaram a Nova central na reunião das centrais sindicais com Dilma Rousseff.
O encontro foi positivo pela disposição demonstrada pelo governo em dialogar com os trabalhadores. “A presidenta se desculpou, mas afirmou que as ameaças da crise econômica mundial exigiam medidas preventivas do governo brasileiro, por isso ela autorizou ao Ministério da Fazenda a promover os ajustes. Entre eles o controle dos gastos públicos, o que implica em baixo volume de investimentos e contenção do custeio, com a formação do superávit primário. É um cenário de preocupação para os servidores públicos federais, pois estão ameaçados os reajustes salariais”, afirmou Calixto.
A Nova Central acredita que é de alto risco para a estabilidade econômica do País formar superávit primário com baixo nível de investimento. O investimento público, atualmente, não chega a 2% do PIB-Produto Interno Bruto
Na reunião, a presidenta Dilma e o ministro Mantega disseram que o governo não vai mudar a meta de aumentar o superávit primário, dinheiro que o governo tira das receitas para pagar juros da dívida pública. Mas disseram, também, que não haverás corte da verba da área social.
O superávit seria maior porque o governo poupará a arrecadação de tributos que exceder às previsões, em vez de usar este dinheiro para reforçar políticas públicas já em andamento. Neste ano, a meta de superávit primário do governo federal é de cerca de R$ 80 bilhões. Até julho, já foram economizados R$ 66 bilhões. Para 2012, a meta é de R$ 97 bilhões, o equivalente a R$ 510 por brasileiro.
Para aliviar, a presidenta salientou que o governo vai forçar a redução das taxas de juros, de maneira lenta e gradativa.
Para José Calixto Ramos, o Governo não se comprometeu com a agenda trabalhista das centrais sindicais e ainda manifestou posição contrária às propostas de regulamentação da Emenda 29. “O governo precisa ser mais parceiro da classe trabalhadora, e não apenas comunicar a execução pura e simples de políticas fiscais de austeridade. Queremos apoio para o fim do fator previdenciário, a jornada de trabalho de 40 horas sem redução de salários, o fim das demissões imotivadas, uma nova política de desenvolvimento com geração de renda e emprego, com maiores investimentos públicos na produção.
De qualquer forma, concluiu José Calixto, ficou aberta a possibilidade do diálogo. “Da nossa parte vamos insistir nas nossas reivindicações, na defesa da pauta trabalhista unitária e das bandeiras da Nova Central. Acima de tudo, defendemos que os gastos públicos devam ser para o desenvolvimento do País, em todas as frentes, e não para pagar as eternas pendências da dívida pública, através da política de superávits primários”.