DENÍLSON PESTANA DIZ QUE BASE DE REPRESENTATIVIDADE NO CONGRESSO ESTÁ ENFRAQUECIDA. EMPRESÁRIOS SÃO MAIORIA
O presidente da Nova Central Sindical dos Trabalhadores do Paraná (NCST-PR), Denílson Pestana da Costa, esteve em visita a Quedas do Iguaçu nesta semana. Ele concedeu uma entrevista exclusiva ao Diário Correio do Povo do Paraná, falando de sua preocupação com alguns projetos de leis que tramitam no Congresso Nacional, que podem derrubar direitos consolidados na Constituição Federal, para os trabalhadores, no âmbito nacional.
Confira o que diz e pensa um dos homens fortes do sindicalismo paranaense.
Diário Correio do Povo do Paraná – O que te traz há Quedas do Iguaçu e região?
Denílson Pestana – Estamos acompanhando e fiscalizando o processo eleitoral que está ocorrendo no Sindicato de Trabalhadores do Setor Madeireiro e Moveleiro do município (STIMMQI). Uma instituição importante para Nova Central, com forte representatividade. Das três unidades sindicais na cidade, duas são filiadas à federação. Estamos visitando algumas bases de apoio e fazendo novos amigos.
Correio do Povo – A questão sindical é mais sofrida nas cidades do interior, como avalia este cenário de representatividade dos trabalhadores?
Pestana – Olha! Já esteve pior, mas felizmente hoje nós temos uma atuação forte da Fetraconspar, que tem uma comissão que atua nas negociações dos pisos salarias de todas as categorias. A pauta de negociação para os trabalhadores de Quedas do Iguaçu e da Cantuquiriguaçu é a mesma de todo o Estado, de forma unificada. Se não houvesse este trabalho integrado, certamente os salários dos trabalhadores seriam inferiores nas cidades do interior.
Correio do Povo – O fato de não existir um piso salarial estadual para os servidores municipais, prejudica a categoria?
Pestana – Este fato nos preocupa muito, os sindicatos são cobrados por isso. Infelizmente o setor ainda carece de leis que garantam os seus direitos. O servidor público pode tudo, até fazer greve, mas não tem direito a uma negociação salarial de forma coletiva. Ficando a mercê da boa vontade dos gestores públicos que estão no comando das administrações.
Correio do Povo – Qual a posição da Nova Central a respeito do projeto da terceirização dos serviços, que tramita no Congresso Nacional?
Pestana – Este projeto deverá afetar não só o servidor público, como todos os setores trabalhistas deste país. A PL 4330, de autoria do deputado Sandro Mabel PMDB-GO, diz que é para regulamentar a terceirização, mas na verdade ela amplia, abrindo possibilidades de uma empresa demitir seu quadro de funcionário, terceirizando boa parte dos serviços. Os direitos trabalhistas de uma pessoa terceirizada não são os mesmos de um trabalhador com carteira registrada. Uma delas é a remuneração que é inferior. Se fosse a votação hoje, certamente seria aprovado pelo fato que a maioria dos congressistas é de empresários e ruralistas.
Correio do Povo – É contra ou favor nesta questão do pré-sal?
Pestana – Nós somos totalmente contra. O petróleo é uma fonte de energia e isso tem uma função estratégica para o país. Petróleo, energia elétrica e água nas mãos de terceiros é um perigo para o povo brasileiro, já que grandes potencias mundiais (grupos econômicos), podem passar a ter o pleno domínio e ditar os preços a serem praticados.
Correio do Povo – Você está sendo indicado para lutar por uma cadeira no Congresso Nacional, se sente preparado para este novo desafio?
Pestana – Estamos há 16 anos na luta sindical, atualmente sou o presidente da Nova Central, do Sintracom de Londrina e secretário de finanças da Fetraconspar. São 20 anos na militância do Partido dos Trabalhadores (PT), até então não tinha me envolvido como candidato. Os dirigentes sindicais estão preocupados com a atual composição do congresso, que é 91 parlamentares, essa correlação de forças está prejudicando toda classe trabalhadora, na defesa dos direitos adquiridos e para a consolidação de novas conquistas. Se não mudarmos a composição de representantes no congresso, certamente vamos ter perdas irreparáveis ao trabalhador brasileiro.
Correio do Povo – Quais são os prejuízos disso?
Pestana – Nós temos muitas demandas para serem votadas, como das 40 horas semanais, a regulamentação que dá direito a negociação dos servidores públicos, o fim das demissões motivadas, o fim do fator previdenciário, a participação dos resultados e lucros das empresas, os direitos das mulheres trabalhadoras, essa questão das terceirizações, entre tantas outras leis que garantem e preservam os direitos dos trabalhadores. Nós temos ainda 117 artigos da constituição federal que não foram regulamentados.
Correio do Povo – A imprensa regional tem denunciado a demora nas perícias médicas pelo INSS. O que a Nova Central tem feito para mudar isso?
Pestana – Nós estamos atentos e preocupados, por não ser um problema só do interior, mas também na capital. Fizemos uma audiência pública com técnicos do INSS e Ministério Público Federal, na busca de uma solução. Os médicos estão elitizados e precisamos urgentemente que governo federal faça novos concursos para contratação de profissionais para este setor. Uma cobrança de imediato é que o instituto passe a pagar o benefício a partir da entrada da documentação. Com isso, o trabalhador não ficaria desamparado até a realização das pericias médicas. Os técnicos do órgão público passaram a adivinhar quanto tempo o trabalhador vai precisar para recuperar e isso tem sido muito nocivo às pessoas. O trabalhador necessita dessa renda para sobreviver, por ser de natureza alimentar para ele e sua família.
O CONGRESSO NACIONAL POR REPRESENTAÇÃO
Empresarial |
273 |
Educação |
213 |
Ruralista |
160 |
Sindical |
91 |
Saúde |
79 |
Comunicação |
69 |
Evangélica |
66 |
Feminina |
55 |
Ambientalista |
15 |
“Enquanto a bancada empresarial é composta de 273, e a ruralista de 160, dos trabalhadores são somente 91 parlamentares. Estamos perdendo direitos adquiridos pela CLT que completa 70 anos este ano e pela Constituição Federal”, Denílson Pestana da Costa