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A Organização Internacional do Trabalho (OIT) alertou nesta terça-feira para os riscos de uma geração de jovens “traumatizada” pelo agravamento da crise mundial. Segundo um relatório da instituição, os jovens podem sofrer o impacto do desemprego alto nas economias mais avançadas e do aumento do número de trabalhadores pobres nos países em desenvolvimento.

A reportagem é de Daniela Fernandes

O relatório “Tendências Mundiais do Emprego Juvenil” de 2011 indica que além de criar “um mal-estar social provocado pelo desemprego e trabalhos precários, a crise pode resultar em salários mais baixos no futuro”.

“Esta frustração coletiva dos jovens foi um dos motores dos movimentos de protestos que ocorreram neste ano em todo o mundo. Tornou-se cada vez mais difícil para os jovens conseguirem algo diferente de um trabalho por meio período ou temporário”, diz a organização, que cita como exemplo as revoltas da primavera árabe.

Desistência

A OIT havia publicado em agosto de 2010 um relatório sobre o impacto da crise econômica global no mercado de trabalho para os jovens entre 15 e 24 anos. Mas em razão do aumento das incertezas no cenário econômico, decidiu atualizar as tendências.

No relatório anterior, a organização constatou que em 2009, o pico da crise, o número de jovens desempregados havia aumentado em 4,5 milhões, um recorde. A média até 2007, antes da crise, era de menos de 100 mil pessoas por ano.

Segundo o novo documento, a crise no mercado de trabalho dos jovens continua grave em 2011. Se os números registram uma leve queda, isso é devido ao fato, diz a OIT, de que muitos jovens simplesmente desistiram de procurar emprego, sobretudo nos países da União Europeia.

O relatório afirma que a taxa de jovens desempregados no mundo, de 12,7%, permaneceu inalterada entre 2009 e 2010, totalizando 75,1 milhões de pessoas no ano passado. Em 2011, o número de jovens sem emprego deverá cair para 74,6 milhões (12,6%).

Desencorajados

Revolta com a falta de empregos está por trás de protestos na Europa e nos Estados Unidos. A OIT diz ainda que 2,6 milhões de jovens a menos do que o previsto nas estimativas entraram no mercado de trabalho em 2010, nos 56 países onde os dados foram apurados.

“Muitos desses 2,6 milhões são certamente jovens desencorajados que esperam a recuperação da economia. Eles devem retornar ao mercado de trabalho como desempregados, o que significa que as estatísticas oficiais subestimam sem dúvida a dimensão real do problema nas economias desenvolvidas.”

O relatório cita o exemplo da Irlanda, país fortemente afetado pela crise da dívida soberana, onde o desemprego dos jovens – que saltou de 9% em 2007 para 27,5% em 2010 – poderia ser 19 pontos percentuais mais alto se as estatísticas levassem em conta os que se voltaram a estudar ou desistiram de procurar emprego.

A taxa dos que trabalham por meio período aumentou em todos os países desenvolvidos, com exceção da Alemanha. Na Irlanda e na Espanha, por exemplo, o aumento foi de 17 e 8,8 pontos percentuais, respectivamente.

Em alguns países em desenvolvimento, como os do sudeste asiático e os da África, as taxas de desemprego juvenil são menores, de acordo com o relatório. No entanto, a organização afirma que isso não significa que a situação nessas regiões seria melhor do que a das economias avançadas.

“Isso quer dizer simplesmente que os jovens dos países em desenvolvimento, com pouca ou nenhuma proteção social, não têm outra opção além de trabalhar”, diz o documento.