Ariadne Lopes
A partir de 2025, empresas deverão incluir saúde mental no GRO, promovendo ambientes mais seguros, humanos e produtivos.
A partir de 25 de maio de 2025, todas as empresas brasileiras terão um novo e importante desafio pela frente: incluir a gestão de riscos psicossociais como parte do GRO – Gerenciamento de Riscos Ocupacionais. A mudança, estabelecida pela atualização da NR-1 – Norma regulamentadora 1 do MTE – Ministério do Trabalho e Emprego, amplia a responsabilidade das organizações para além da segurança física dos trabalhadores, exigindo ações concretas para a preservação da saúde mental no ambiente corporativo.
Mas será que as empresas estão preparadas para operacionalizar essa mudança?
Com a nova exigência, as organizações deverão identificar fatores de risco psicossociais, desenvolver planos de mitigação e realizar avaliações periódicas para medir a eficácia das medidas adotadas. Isso significa um avanço significativo na proteção dos trabalhadores contra transtornos como depressão, ansiedade e síndrome de burnout, recentemente incluídos na LDRT – Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho. Em um mercado cada vez mais competitivo e acelerado, essas condições têm se tornado alarmantemente comuns, muitas vezes ignoradas até atingirem níveis críticos.
O grande diferencial da atualização da NR-1 é a exigência de uma abordagem ativa e contínua. As empresas não apenas precisarão mapear os riscos psicossociais, mas também envolver os colaboradores no processo de identificação e acompanhamento das medidas preventivas. Além disso, serão necessárias iniciativas concretas, como treinamentos para gestores, palestras sobre saúde mental, revisão de políticas internas e até a criação de espaços de apoio psicológico dentro das organizações.
A adaptação a essas novas regras representa um grande desafio para as empresas, principalmente para aquelas que ainda encaram o bem-estar mental dos funcionários como um tema secundário. No entanto, é essencial compreender que a conformidade com a NR-1 deve ir além do medo de penalizações ou multas – que, aliás, podem ser severas e até levar ao fechamento da empresa em casos extremos. O verdadeiro objetivo da norma é transformar os ambientes de trabalho em espaços saudáveis, seguros e motivadores, reduzindo os impactos negativos que a toxicidade organizacional pode ter na vida dos trabalhadores.
Os benefícios de um ambiente de trabalho que prioriza a saúde mental são inúmeros: aumento da produtividade, redução do absenteísmo, melhora no clima organizacional e fortalecimento da reputação da empresa no mercado. Empresas que investem no bem-estar psicológico de seus funcionários colhem, a longo prazo, resultados expressivos tanto em termos humanos quanto financeiros.
Portanto, a pergunta que deve ser feita não é apenas se a sua empresa está preparada para essa mudança, mas sim se está disposta a ir além do mínimo exigido pela legislação e, de fato, construir um ambiente de trabalho onde a saúde mental seja uma prioridade real e não apenas uma obrigação burocrática.
Ariadne Lopes
Especialista em relações de trabalho do Massicano Advogados & Associados.
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