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Tem gente ficando mais rica no Brasil – e isso está alterando substancialmente as estratégias dos bancos para gerenciamento das contas dos novos afortunados. Segundo o professor Marcelo Marcelo Cortes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas Sociais, filiado ao Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, não foi só a chamada classe média que cresceu no país nos últimos anos, representando hoje 33,19% dos 190 milhões de brasileiros.

A reportagem é de Genilson Cezar.

“Está surgindo uma nova classe A e uma nova classe B. Elas emergiram e vão continuar a emergir”, diz com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

São 22,5 milhões de pessoas na nova classe A e B, quase 15 milhões a mais do que em 1993, de acordo com um estudo do CPS/FGV. “As classes A e B são os grupos sociais que mais crescem no país (perto de 12% entre 1993 e 2011) e devem aumentar mais daqui em diante. Por isso, a indústria de gerenciamento de fortunas e ativos tende a prosperar “, destaca. Os critérios da FGV para definir as classes se referem à capacidade de geração de renda da família, mas utilizando o conceito de renda per capita. Por exemplo, a preços de 2011, em São Paulo, a classe B é classificada na faixa entre R$ 5.174 e R$ 6.745 e a A, acima de R$ 6.745.

A cidade mais classe A, proporcionalmente, é Niterói (RJ), com 30,7% de sua população na elite econômica. Em seguida, vêm Florianópolis (27,7%), Vitória (26,9%), São Caetano do Sul (26,5%), Porto Alegre (25,3%), Brasília (24,3%) e Santos (24,5%). O município de São Paulo, com a maior população do país, tem a maior concentração de pessoas na classe A. “As 30 cidades com maiores participações nas classes A, B e C estão na região Sul, fruto da maior desigualdade de renda observada no Brasil nos últimos anos”, diz Neri.

Embora representem os 10% mais ricos do Brasil, as novas classes A e B não podem ser consideradas em níveis de fortunas. Na verdade, não mede o grau de riqueza pela renda salarial, explica o economista Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Mas, sim, pelo acúmulo de capital, um patrimônio caracterizado pelo volume expressivo de imóveis, títulos de renda variável ou fixa, propriedades de terra, empresas, ou ocupação em altos cargos de direção em empresas públicas ou privadas.

“Os ricos acumulam um patrimônio de bens e rendimentos correspondente a cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB)”, diz ele. “Os brasileiros endinheirados se escondem do público, mas as instituições financeiras sabem muito bem quem são eles”, observa Pochmann.

Segundo estudo da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), até junho deste ano eram 64.260 clientes no private banking, que atende pessoas, grupos familiares ou econômicos com recursos para investimento acima de R$ 1 milhão. O volume total de ativos movimentado por esse seleto grupo somava R$ 412,8 bilhões.

Trata-se de um crescimento, nos últimos 12 meses, de 28%, mais de três vezes a média mundial, em torno de 7%, informa Rogério Pessoa, co-head da área de wealth management do BTG Pactual, coordenador do estudo da Anbima. “Os ricos no Brasil mudaram de patamar, e isso abre mais oportunidade de negócios para a indústria de private banking no país”, diz

A área de wealth management do BTG Pactual tem US$ 21,5 bilhões de ativos e a preocupação do banco, segundo Renato Cohn, sócio e co-head da instituição, é proteger os investimentos dos clientes e aproveitar as oportunidades de aplicação no Brasil e outros países. “Muitos clientes são empresários. Boa parte desses recursos foi gerada em negócios. Esse cliente quer aproveitar todas as oportunidades de negócios”, afirma.