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Indefinição de Osmar se reflete nas convenções de PT e PMDB, que adiam formalização de coligação com o PDT. Lideranças acham que anúncio de vice de Serra é factoide

PMDB e PT decidiram ontem adiar mais uma vez a definição sobre uma eventual aliança com o PDT do senador Osmar Dias na eleição para o governo estadual. Lideranças dos partidos acreditam que a indicação do senador Alvaro Dias (PSDB) para vice na chapa do tucano José Serra à Presidência não passa de um factoide.

A indicação de Alvaro, irmão de Osmar, pode fazer com que o pedetista desista de concorrer ao Palácio Iguaçu. Isso é cogitado porque Osmar, ao se aliar ao PT e PMDB, estaria dando palanque à candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, contra seu próprio irmão.

Considerando que o anúncio de Alvaro como vice de Serra é um factoide, delegados petistas e peemedebistas, em vez de aproveitar as convenções estaduais partidárias realizadas neste domingo para anunciar as candidaturas e composições, aprovaram apenas uma carta branca dando aos diretórios estaduais dos dois partidos plenos poderes para resolver, até a data limite de quarta-feira, prevista pela Lei Eleitoral, quais devem ser os candidatos e as coligações. O PDT já havia dado carta branca à executiva estadual em sua convenção, realizada no início do mês.

O anúncio de que a decisão final seria mais uma vez adiada veio depois de uma sequência de quatro reuniões – em que cada indicativo de acordo era sucedido de uma nova reviravolta. Em 24 horas, da manhã de sábado à manhã de domingo, aconteceram sinalizações de consenso que não se confirmaram. O senador Osmar Dias (PDT) chegou a dizer que seria candidato ao governo, com o apoio do PMDB e do PT. Depois, o governador Orlando Pessuti (PMDB) declarou que seria candidato em uma chapa pura. Uma coletiva de imprensa para anunciar a decisão foi aventada, mas não realizada.

O primeiro encontro ocorreu na manhã de sábado e se estendeu até a tarde. Depois de uma pausa para o almoço, as tratativas recomeçaram e foram interrompidas no início da noite. Logo após retomadas, persistiram sem solução até a madrugada de domingo.

Já na manhã de ontem, com as convenções já abertas, uma nova conversa foi marcada, às pressas, tendo por “molho” duas reportagens que embolaram ainda mais as negociações. Osmar teria citado as declarações dadas pelo irmão que aparecem em repotagem da Gazeta do Povo de domingo: “Vai pesar para o Osmar o fato de que é a primeira oportunidade que o Paraná tem no âmbito nacional de ocupar um lugar de destaque. Ele certamente terá constrangimento em impedir que isso ocorra”, disse Alvaro. Já a revista Veja, que circulou no fim de semana, trouxe uma reportagem em que Pessuti é acusado de ser funcionário fantasma da Assembleia Legislativa do Pa­raná.

Para peemedebistas ouvidos pela reportagem na convenção, a indicação de Alvaro não parece fazer sentido. “Primeiro, tinha de ser alguém do Nordeste, para reforçar a candidatura de Serra onde ele tem menor intenção de voto. Se não fosse possível, pela ordem, deveria ser uma mulher ou alguém do Democratas”, especula o deputado federal Osmar Serraglio.

O deputado estadual Caíto Quintana foi ainda mais enfático na avaliação do que chamou de factoide. “Eu acho que o que está emperrando é um blefe de que o senador Alvaro será vice do Serra. Isso não nos constrange de forma nenhuma mas cria uma dificuldade para o PDT, já que o Osmar é irmão do Alvaro. Por isso, a gente quer dar um tempo, já que estão brincando com isso, que confirmem o Alvaro então, o que acho que não vai acontecer”, declarou.

Quando chegou à convenção do PMDB, por volta de meio-dia, Pessuti disse que a tendência naquele momento era de que o senador Osmar Dias não seria candidato ao governo por conta do constrangimento pessoal causado pela eventual candidatura do irmão a vice na chapa de José Serra. “Está dependendo de nós conversarmos um pouco mais”, respondeu, quando foi questionado sobre o que poderia definir a questão. “Nós demos ao senador Osmar Dias esse prazo de mais dois ou três dias”, completou Pessuti.