Líder do PSDB diz que novo ministro foi “no mínimo conivente” com irregularidades
BRASÍLIA. Na primeira entrevista após confirmado no cargo, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, disse que trocará pessoas e fará os ajustes necessários para assegurar que o ministério trabalhe dentro das melhores regras da administração pública. Ele adiantou que os ajustes incluem mudanças nos procedimentos das obras e maior controle da gestão. Passos disse que a presidente Dilma Rousseff foi clara ao nomeá-lo.
– Ela quer que o ministério atue eficientemente (…) e espera que eu faça todos os ajustes necessários para que não se tenha absolutamente nenhuma dúvida quanto à correção e à retidão do que aqui se pratica – disse.
O ministro – que é uma escolha pessoal de Dilma e não recebeu apoio de todo o PR, partido ao qual é filiado e que tem como presidente o ex-ministro Alfredo Nascimento – disse que não se sente desprestigiado e conta com o apoio do partido, mas já está na mira da oposição.
Ministro não adiantou se reconduzirá algum afastado
O PSDB decidiu inclui-lo na representação protocolada semana passada na Procuradoria Geral da República, em que pede a abertura de investigação sobre a conduta de Nascimento e outros quatro servidores ligados à pasta, contra os quais pesam denúncias de corrupção em obras tocadas pelo ministério. O líder do partido na Câmara, Duarte Nogueira (SP), destaca o fato de Passos ter sido secretário-executivo do ministério, chegando até a exercer o cargo de ministro interino mais de uma vez:
– Pelos cargos que ocupou, a possibilidade de Passos não ter conhecimento do que acontecia é praticamente nula. O secretário-executivo é o operacional do ministério e tem acesso a todas as informações. Se as decisões eram colegiadas, como diz o diretor em férias do Dnit, Luiz Antonio Pagot, Passos pode ter sido no mínimo conivente.
Passos promete atuar não apenas para corrigir pontualmente a pasta, mas também estruturalmente.
– Fazer ajustes significa tomar todas as atitudes necessárias e convenientes que cabe a um gestor. Envolve a troca de pessoas. Não tenham dúvidas de que faremos mudanças – frisou Passos. – Vamos trabalhar escolhendo as pessoas certas para os lugares certos.
O novo ministro não quis adiantar, porém, se reconduzirá algum dos afastados dos cargos. Sobre Luiz Antonio Pagot, disse que não tem reparos à sua conduta, definindo-o como profissional responsável e dedicado:
– Não tenho nenhum registro que possa depor contra ele.
Mas o novo ministro deixou claro que não pretende misturar os papéis:
– É preciso não confundir a gestão administrativa de uma pasta com os aspectos da relação política que envolve os partidos. Não misturo as duas coisas – disse, destacando, no entanto, que manterá ativa a interlocução com a classe política.
Quanto às mudanças, informou que está discutindo licitar obras a partir de projetos executivos e não de projetos básicos, como é hoje, o que reduziria a margem de desvio ou erro no valor dos investimentos. E que gostaria de trabalhar com contratos de valores globais.
– Não tenho compromisso com erros. Meu compromisso é com um trabalho honesto, competente – concluiu.
Fonte: O Globo