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“Não podemos comparar a emigração dos anos 1940 a 1960, quando as pessoas iam sem nada, sem formação, sem recursos, quando as pessoas iam por necessidade, com a emigração de hoje. As pessoas não têm fome. Não terão emprego, mas não passam fome. Além disso, tem formação, viajaram e seguramente dominam idiomas”. Pilar Pin, diretora-geral de Cidadania Espanhola no Exterior, está há meses tentando matizar o conceito de emigração ligado à crise econômica na Espanha. A ponto de o Governo preferir falar de “mobilidade” temporal dos jovens, não de emigração.
A reportagem é de Pablo Ximénes de Sandoval

A diretora-geral reconhece que existe essa demanda de profissionais qualificados na América Latina. “Na Espanha, nosso tecido industrial não pode absorver todos os que saem do nosso sistema educativo, que é um dos melhores do mundo. É uma disfunção que se complementa [com a demanda em outros países]. Que estes profissionais se desloquem pelo mundo é uma aspiração espanhola largamente acariciada; é o reconhecimento de nossos pesquisadores e profissionais e se dá em toda a América, desde o Canadá até toda a América Latina”.

Dito isso, acrescenta que “infelizmente, não estão indo”. Uma das tarefas de Pin é facilitar as coisas para os espanhóis que queiram sair através de acordos com os países de destino. Países que aparentemente apresentam grandes oportunidades, na realidade ocultam dificuldades para os espanhóis. Por exemplo, no Brasil: “Seu potencial é enorme e com desafios imediatos, como a Copa do Mundo, os Jogos Olímpicos, a cobertura energética, o tratamento ambiental, o crescimento do turismo”.

No dia 02 de março passado, Pin se reuniu com o ministro do Trabalho brasileiro, Carlos Lupi, em Brasília. “Ele me disse em seu escritório que o Brasil necessita de 1,9 milhão de pessoas bem qualificadas e que a Espanha as tinha”. Contudo, os jovens espanhóis com estudos superiores desempregados não estão indo. “A legislação de implantação de empresas no Brasil é muito restritiva”, assegura Pin. “Os trabalhadores de uma empresa que vai ao Brasil têm uma licença de permanência por obra”, tempo em que dura seu contrato. Quanto a estabelecer-se por conta própria, “é muito difícil, as leis dificultam que as pessoas tomem essa decisão”. Da mesma forma, o Brasil “necessita de cerca de 28.000 professores de espanhol nativos”. Mas, mesmo que na Espanha seja possível encontrar essas pessoas, elas não irão com salários que são “a quarta parte que na Espanha”. “É uma contradição do Estado brasileiro” declarar o espanhol como prioridade nas escolas e demandar profissionais, mas não elevar a remuneração, opina Pin.