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A exemplo de outras áreas, segmento também registra aumento de mulheres nos cargos de chefia.
 
A construção civil, área dominada durante muito tempo pelos homens, tem registrado cada vez mais a presença de mulheres. De acordo com o Ministério do Trabalho e do Emprego, entre 2002 e 2008 as mulheres aumentaram a sua participação em postos formais de emprego de 40,9% contra 34,5% dos homens. Na construção civil, há uma década elas eram 83 mil em 1.094.000 de pessoas empregadas; em 2008 esse número passou para 137.969 entre 2 milhões de trabalhadores. Mais do que isso, elas têm assumido cada vez mais cargos de chefia. 
Kozue Imai deixou de ser uma dona-de-casa e aos 51 anos assumiu o desafio de se tornar a presidente da construtora da Artenge, uma das empresas responsáveis pela construção do residencial Vista Bela e chegou a comandar mais de mil funcionários. Kozue recebeu o posto apenas uma semana após a morte do marido e afirma que não possuía experiência nenhuma na construção civil. ”Contei com a ajuda de colaboradores de meu marido, que eram pessoas leais e preparadas. De outra forma não teria conseguido”, afirma. Ela destaca que precisou se preparar para assumir tamanha responsabilidade e fez um curso de administração de empresas e passou a frequentar todos os eventos e cursos possíveis para adquirir conhecimento. ”Nunca pensei em desistir e nem em delegar a função a outra pessoa, pois nunca tive um momento de desânimo”, relata. Ela aconselha todas as mulheres a acreditarem em seu potencial, pois todas as mulheres possuem potencial em estado latente que pode aflorar no momento em que é exigido. ”Não desista de aceitar desafios, pois o medo é o pior dos conselheiros”, ressalta. 

Na construtora Plaenge as mulheres representam 15% da mão-de-obra contratada pela empresa, totalizando 53 mulheres. É o caso de Alice Mayumi Kasahara, de 33 anos, que foi contratada para uma das funções mais difíceis na construção civil, a operação de gruas, responsável por levar os materiais para mais de 30 pessoas, desde carpinteiros até armadores. A função exige que ela seja firme nas decisões, definindo o que pode ou não ser realizado com a grua. ”Temos que obedecer certos procedimentos e às vezes me pedem coisas que tenho que recusar, caso contrário pode cair toda a carga e resultar em prejuízos materiais e humanos”, relata. A grueira explica que a carga precisa ser amarrada com todo o cuidado. Além disso, a própria montagem do equipamento exige atenção aos detalhes para que nada saia errado. Alice é formada em Administração de Empresas e tem formação técnica em segurança do trabalho e em meio ambiente. 

A operadora de gruas iniciou sua relação com a construção civil como estagiária e quando surgiu a oportunidade de participar de um curso de operação de gruas, não hesitou. Depois de concluído o curso, ela conseguiu superar 45 candidatos, a maioria deles homens, e se tornou a primeira mulher operadora do equipamento da cidade. ”No começo é complicado e posso dizer que não foi nada fácil até conseguir dominar todos os macetes da função”, relata. 

De acordo com a gerente de recursos humanos da Plaenge, Luciana Siqueira, a diferença entre Alice e os outros homens que desempenham a função é que, além do cuidado ser diferenciado e da atenção aos detalhes, ela possui uma forma de conversar própria que resulta em uma maneira diferente de liderar. ”A forma de delegar tarefas é menos brusca que a dos homens, que geralmente possuem um jeito mais autoritária”, destaca Luciana, ressaltando que as mulheres conseguem ser firmes sem deixar de serem cuidadosas.