Fofocas e boatos podem causar muito mais do que constrangimento dentro do ambiente de trabalho
Uma pesquisa realizada pelo site LinkedIn, que contou com a participação de 17 mil trabalhadores de diferentes países do mundo, perguntou o que mais incomoda no ambiente de trabalho. No Brasil, a resposta de 83% dos entrevistados foi a fofoca, a famosa ‘rádio peão’. Levantamento realizado pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, também indica que a predileção pela ‘rádio peão’ está presente em pelo menos 65% das conversas – considerando-se qualquer tipo de conversa. Falar da vida alheia é uma das formas mais comuns de tentar entender o comportamento humano, inclusive o próprio. Por isso, é natural que as histórias se espalhem.
De acordo com Anderson Cavalcante, administrador de empresas e especialista em desenvolvimento das competências humanas, é possível fazer sabotagem plantando uma falsa fofoca, afinal de contas, uma mentira contada diversas vezes pode se tornar realidade. ”Quando um boato começa a se espalhar pela empresa de forma viral, ela pode ganhar força e fazer com que as pessoas tomem decisões com base em sua credibilidade, ainda que essa seja artificial. A partir deste momento tudo pode acontecer, ou seja, há riscos de que os rumos da corporação saiam do eixo programado”, diz.
Na opinião de Cavalcante, para evitar fofocas no ambiente de trabalho uma gestão transparente atrelada à busca do equilíbrio entre as diferenças é a medida mais cabível a ser tomada. ”Quando as pessoas têm acesso a informações oficiais relacionadas às diferentes dimensões do seu trabalho, elas tendem a criar menos histórias para justificar uma decisão da empresa. Somados a uma liderança que comunica regularmente os objetivos e os resultados da organização, assim, minimizam hipóteses de fofoca na empresa”,esclarece. Para tanto é preciso clareza nos papéis e responsabilidades do colaborador em todos os níveis hierárquicos.
Ele conta que recentemente uma das empresas que assessora teve um problema com a famosa ‘rádio-peão’ envolvendo quatro profissionais, de uma equipe de apenas dez pessoas. ”Ao longo de mais de dois meses esse núcleo manteve a troca de e-mails sobre fatos que não eram verdadeiros. Por um acaso, um dos gestores da equipe descobriu esses e-mails e toda a história veio à tona. Frente a essa realidade, todos acabaram sendo demitidos para que a companhia tivesse espaço para realizar a contratação de novos colaboradores”, conta.
Para Cavalcante uma fofoca pode trazer muitos prejuízos para a empresa e para o colaborador, como a perda de tempo dos membros da equipe com assuntos irrelevantes, a perda de credibilidade frente às pessoas envolvidas e outros integrantes da empresa, e a perda do foco nas questões estratégicas, ”já que a fofoca pode gerar uma tomada de decisão equivocada”, diz.
Kalinka Amorim
Reportagem Local