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A burrice, coitada, tão condenada, tão criticada, tão maltratada, tem sido a principal aliada dos que lutam pela preservação da democracia brasileira. Sim, porque se não fosse ela, muito provavelmente a vaca já teria ido pro brejo e estaríamos debaixo de um governo autocrático e despótico, tendo à frente um capitão genocida, autoritário, grosso e insensível à dor e à necessidade dos mais fracos, num país armado até os dentes mas sem comida pra alimentar seu povo. Não acredita? Pois me acompanhe.

As seguidas mudanças de versão do senador Marcos do Val, que, do nada começou detonando Bolsonaro, a quem apontou como incentivador de um golpe e depois alterou o rumo da prosa para apontar o ex-deputado Daniel Silveira como o articulador da trama, é o personagem-síntese da operação Tabajara que se tentou realizar para por em dúvida o resultado da eleição e tomar o poder. Depois, percebendo a m.., desculpe, a besteira que fez, disse que Bolsonaro só ficou ouvindo a conversa golpista de Silveira mas não teria se pronunciado. Difícil acreditar mas… vá lá que Bolsonaro não teria dito nada. Só que o silêncio dele, nesse caso, diz muito porque significa conivência.

Aliás, a conversa foi no Alvorada ou na Granja do Torto? Vai saber! Bom lembrar que conivência com crime é… crime! Bolsonaro, igualmente burro e sedento de poder, vai ter de responder por esse silêncio burro e comprometedor. Mas a burrice de Do Val não permitiu que ele se desse conta deste, digamos, “detalhezinho menor” e, assim, entregou de mãos beijadas Bolsonaro à justiça.  Posteriormente, Do Val revelou ter comunicado a Xandão a urdidura do plano golpista. Mais adiante, revelou à polícia que o plano de Silveira era usar o próprio Xandão como estopim, a partir de algum fiapo de declaração comprometedora que Do Val arrancaria do ministro numa gravação secreta, pela qual Moraes seria preso. Bolsonaro e Silveira teriam burramente acreditado que Do Val teria intimidade com Moraes a ponto de ter uma conversa comprometedora como essa com ele. Nunca privou dessa intimidade, pois só esteve com Xandão uma única vez, e ainda de raspão, nos corredores do Congresso. E, por último, pra completar o festival de burrices em série, Do Val está tentando levantar suspeição de Moraes para afastá-lo da condução do inquérito dos atos golpistas. Sem falar no anúncio de que renunciaria ao mandato e já voltou atrás. Ufa!

No labirinto de versões em que cada dia mais se enreda e se complica, Do Val é bem a síntese da burrice salvadora dos que tentam sabotar a democracia. Burrice que se expressou com clareza nos dois episódios de tentativa de golpe perpetrados em Brasília. No primeiro, realizado no dia da diplomação de Lula, um bando de imbecis atacou a sede administrativa da Polícia Federal, onde só existe a papelada comum a qualquer repartição pública. Só a burrice mais tosca para explicar isso. Não conseguiram nem transpor a soleira da porta, e por isso, só de burrice e birra, incendiaram carros e destruíram instalações particulares, como as de um posto de gasolina. Sem contar que, em vez de cooptar a Polícia Federal para o golpe que desejavam que acontecesse, converteram a PF em adversária. O segundo foi o badernaço da Praça dos Três Poderes. Pra completar o festival de burrices, os idiotas baderneiros criaram ostensivamente provas contra eles próprios, ao realizar as arruaças e depredações tendo o “cuidado” de se filmar praticando os crimes, o que permitiu facilmente a identificação de todos. Ah, mas vão ser burros assim na casa do chapéu, né?

A mesma burrice salvadora ajudou a revelar os planos golpistas de Bolsonaro e sua gangue, quando seu ex-ministro da Justiça, Anderson Torres “se esqueceu” de destruir a minuta do decreto golpista e deixou-o em casa, ao alcance dos agentes da Polícia Federal. Todo serelepe, na condição de Secretário de Segurança do DF, viajou à Flórida para brincar com Bolsonaro e o Pato Donald enquanto por aqui a polícia encontrava a prova da trama do golpe e um bando de golpistas burros tentavam por abaixo a República derrubando e depredando prédios e obras de arte. Santa burrice! Sem ela o até então aliado de Bolsonaro, Arthur Lira, não teria se aliado ao PT para se reeleger à Presidência da Câmara. Além disso, não fosse a burrice salvadora dos energúmenos arruaceiros e Lula não teria saído fortalecido do episódio. A burrice também fortaleceu Alexandre de Moraes e o STF, que provou ser o poder fiador da democracia brasileira. Da mesma forma, não fosse a burrice, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, não teria dado uma declaração “genial” e autoincriminatória, segundo a qual “todo mundo” tinha uma minuta igual à que o ex-ministro da Justiça guardava em casa. Se sabia, por que não denunciou a trama golpista às autoridades? Agora, graças à sua santa burrice, tornou-se cúmplice de crime contra as instituições democráticas.

Dizem que Juscelino Kubitscheck teria afirmado  que “o que nos salva é a nossa jequice”. Coitado de JK. Não viveu pra saber que, ultimamente, o que tem nos salvado é a burrice. Em doses cavalares.

O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para redacao@congressoemfoco.com.br.

Dizem que Juscelino Kubitscheck teria afirmado  que “o que nos salva é a nossa jequice”. Coitado de JK. Não viveu pra saber que, ultimamente, o que tem nos salvado é a burrice. Em doses cavalares.

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