NOVA CENTRAL SINDICAL
DE TRABALHADORES
DO ESTADO DO PARANÁ

UNICIDADE
DESENVOLVIMENTO
JUSTIÇA SOCIAL

Projetos sustentáveis incluem sistemas de economia e reaproveitamento de água, uso de aquecimento solar, materiais com certificação ambiental, entre outros

A construção civil ocupa um papel de suma importância na economia brasileira e desenvolvimento da sociedade. O segmento está a todo vapor. São milhares de canteiros de obra espalhados por todo o país. Novos empreendimentos comerciais e residenciais são lançados frequentemente, aquecendo ainda mais o mercado imobiliário. O cenário, no entanto, traz uma grande preocupação, uma vez que o segmento causa impactos ao meio ambiente ao consumir recursos naturais e gerar grande quantidades de resíduos.

 
Para se ter uma ideia, segundo o UNEP/SBCI, siglas em inglês para Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Construções Sustentáveis e Iniciativa Imobiliária, os edifícios consomem 40% da energia produzida no mundo. O setor da construção civil é responsável por um terço dos recursos naturais consumidos pela sociedade, incluindo 12% de toda a água potável do planeta e produção de 40% de todo o lixo sólido.
 
Diante disso, surge a urgente necessidade de adotar práticas sustentáveis na construção. É preciso pensar em um desenvolvimento capaz de satisfazer as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras. A frase, utilizada em 1987 para definir o termo sustentabilidade no Informe de Brundtland, da Organização das Nações Unidas (ONU), nunca foi tão atual.

 
Segundo o arquiteto Humberto Carneiro Leal, a construção civil é responsável por cerca de 30% da emissão de CO2 na atmosfera. Há cinco meses ele voltou de Barcelona (Espanha), onde ficou mais de dois anos para cursar o mestrado em arquitetura sustentável na Universidade Politécnica Catalunha (UPC). ”Percebi que o assunto é mais discutido nos países europeus e que o povo de lá se preocupa mais com essas questões, sendo mais responsáveis socialmente”, constata, ressaltando que aos poucos a legislação brasileira está se adequando aos parâmetros internacionais de construção.

 
Ele destaca, porém, que não basta apenas adotar práticas sustentáveis. ”Deve haver mudança de mentalidade e mais conscientização”. A diretora do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), Diana Csillag, destaca que 80% da energia e dos recursos naturais consumidos nos edifícios, incluindo água potável e descarte do lixo sólido, ocorrem na fase de uso do imóvel. ”Por isso, é fundamental investir em educação para estimular o uso e manutenção de forma adequada. Caso contrário, os investimentos realizados podem perder sua a efetividade”, alerta Diana.
 
Pensar em construção sustentável é pensar em maneiras de fechar os ciclos dos materiais em todos os processos técnicos. ”É preciso aproveitar praticamente 100% dos recursos, a fim de não gerar resíduos”, pontua o arquiteto Humberto Leal. Uma medida indicada é reciclar e reutilizar materiais, como a madeira, o vidro e metais. Além disso, é necessário incluir sistemas de economia e reaproveitamento de água, uso de aquecimento solar, materiais com certificação ambiental, entre outros.

”A sustentabilidade é alcançada quando equilibramos os impactos ambientais e sociais com a viabilidade econômica”, define a diretora do CBCS. A construção ambientalmente correta apresenta um custo inicial maior, mas isso pode ser um argumento de marketing que facilita a comercialização do empreendimento. Os edifícios sustentáveis proporcionam diversas vantagens para os investidores e ocupantes. ”O consumo de energia pode ser reduzido entre 30% e 50% sem acréscimos significantes de custos e sem perda do conforto e da qualidade do ambiente construído”, calcula Marcelo Takaoka, presidente do CBCS e do SBCI/ UNEP.
 
E não há dúvidas de que a ”onda verde” chegou à construção civil brasileira. Existe uma visível mobilização do setor. Em Londrina, muitos novos empreendimentos já vislumbram questões sustentáveis, como mostram as fotos selecionadas pela reportagem da FOLHA.
 
Competição Internacional
A competição Solar Decathlon Europe reúne projetos de casas eficientes de diferentes universidades do mundo. O arquiteto Humberto Leal, que teve o projeto premiado em uma categoria na edição de 2010, explica que o objetivo é projetar e construir casas que consumam poucos recursos naturais e gerem baixa produção de resíduos durante o seu ciclo de vida. Além disso, os projetos devem apresentar meios para reduzir o consumo de energia.

 
A competição acontecia somente nos Estados Unidos e a partir de 2010 começou a ser realizada também na Europa. Leal concedeu imagens de três projetos premiados na primeira edição do Solar Decathlon Europe, que trouxe o que há de mais moderno em sustentabilidade nas construções.
 
Fotos: Celso Pacheco e Divulgação
 
 
O projeto do Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha, o Fab Lab levou o prêmio na categoria escolha do público. Traz importantes contribuições tecnológicas, como painéis solares flexíveis desenvolvidos com tecnologia espanhola e norte-americana. Representa um avanço significativo na integração arquitetônica de sistemas solares
 
 
 O vencedor da competição, Lumenhaus, é a terceira casa de energia solar projetada e construída. O projeto da Universidade Virginia Tech tem aberturas estratégicas para resistir à transferência de calor e paredes de vidro, que maximizam a exposição à luz do dia. Utiliza a tecnologia ideal para tornar a vida do proprietário mais simples, mais eficiente e menos cara.
     

 

 
O Edifício Palhano Square Garden está sendo construído de acordo com as recomendações do Green Building Council, para obtenção do selo verde Leed. A construção vai atender a alguns pré-requistos, como eficiência energética, uso racional da água, materiais e recursos, qualidade ambiental interna, espaço sustentável e inovações e tecnologias. A unidade decorada está em exposição na Vectra Store, às margens do Lago Igapó.
 
 
O empreendimento Jardins Eco Resort & Residence, da Plaenge, inclui caixa acoplada de alto desempenho e torneiras com redutores de pressão nos banheiros. Também contará com elevadores ecológicos dotados de controle de pico de energia, placas solares para aquecer a água da piscina, sistema para armazenar água da chuva, central de coleta de óleo de cozinha, entre outros itens. A entrega está prevista para julho deste ano

  

 
O edifício Arquiteto Vilanova Artigas, entregue em 2005 pela Plaenge, foi dotado com sistema de coleta e armazenamento de água da chuva. A tecnologia chega a reduzir em mais de 80% a despesa com a conta de água nas áreas comuns do condomínio, nos meses de chuva regulares.